
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter as taxas de juro diretoras inalteradas até março, sublinhando que continua “prematuro” discutir redução dos juros, que são esperados para o verão. Desde logo, porque o BCE precisa de estar mais seguro de que a inflação está a reduzir-se para a meta de 2%, além de conhecer a evolução dos salários e dos desenvolvido dos conflitos internacionais. E quando o regulador europeu avançar com os cortes dos juros deverá “proceder com cautela, dando pequenos passos”, afirmou Isabel Schnabel, membro da comissão executiva do BCE.
A decisão do BCE quanto ao futuro dos juros diretores – se avança com cortes ou se ficam inalterados – continua a ser dependente de dados que ainda não são conhecidos. Um deles prende-se precisamente com a evolução da inflação na Zona Euro. Philip Lane, economista-chefe do BCE, defendeu que a instituição necessita de estar mais segura de que a inflação está a reduzir-se para a meta dos 2%, antes de cortar as taxas de juro. De notar que em dezembro a inflação na Zona Euro voltou a subir para 2,9% depois de ter estado vários meses a descer.
“Em termos de uma avaliação global da nossa trajetória política, precisamos de estar mais adiantados no processo de desinflação antes de podermos estar suficientemente confiantes de que a inflação atingirá a meta em tempo útil e se estabelecerá na meta de forma sustentável”, disse Philipe Lane numa conferência nos EUA.
Além disso, Isabel Schnabel, considera “crucial" saber se as empresas vão transferir o aumento dos salários e a queda da produtividade para os consumidores ou absorvê-los com margens de lucro mais baixas. Na sua opinião, a possibilidade de os custos serem repercutidos, juntamente com uma acentuada flexibilização das condições financeiras e a evolução no Mar Vermelho, "argumentam contra um ajustamento precoce da política monetária", disse em entrevista ao Financial Times.
"Isto significa que devemos ser pacientes e cautelosos, porque sabemos, também pela experiência histórica, que a inflação pode recuperar", Isabel Schnabel, membro da comissão executiva do BCE
É por isso mesmo Isabel Schnabel admite que "a última milha" da transmissão da política monetária continua a ser "uma preocupação", pois pode ser "a mais difícil", numa altura em que se assiste a uma inflação persistente nos serviços, a um mercado de trabalho resiliente e a uma flexibilização das condições financeiras. De notar que os custos dos empréstimos estão a descer devido à expectativa de que o BCE comece a baixar as taxas em breve, o que poderá reanimar a economia e fazer com que a inflação "volte a subir".
"Quando começarmos a reduzir as taxas - e, como já disse, ainda não chegámos a esse ponto - devemos proceder com cautela, dando pequenos passos”, referiu a membro da comissão executiva do BCE. Ou seja, os dados e a flexibilização das condições financeiras desaconselham uma redução rápida das taxas de juro. E “podemos até ter de fazer uma pausa no corte se a inflação se mostrar rígida e os dados não derem uma imagem clara de quão apertada é a nossa política monetária", afirmou ainda.

BCE espera que maioria das medidas para mitigar impacto da inflação terminem este ano
Para fazer este caminho de redução da inflação o BCE espera que cerca de dois terços das medidas implementadas pelos governos da Zona Euro para mitigar o impacto da inflação terminem este ano.
. Num artigo publicado no "Boletim Económico" do BCE, os economistas Marien Ferdinandusse e Mar Delgado-Téllez assinalam esperar que as medidas orçamentais destinadas a apoiar as famílias e as empresas em resposta à subida dos preços da energia e aos choques da inflação diminuam em grande parte nos próximos anos.
"Estima-se que ascendam a 1,3% do PIB [Produto Interno Bruto] em 2023, abaixo dos 1,8% em 2022, e permaneçam abaixo de 0,5% ao ano durante o horizonte de projeção 2024-26", preveem.
Os economistas da instituição liderada por Christine Lagarde esperam que "cerca de dois terços das medidas de apoio em vigor em 2023 expirem em 2024 e outros 20% em 2025", enquanto as restantes medidas "deverão continuar em vigor em 2026".
Destacam ainda que em 2023 quase metade das medidas eram referentes a subsídios e mais de metade destes diziam respeito aos limites máximos dos preços da energia na Alemanha, em França e Países Baixos. "Prevê-se que a percentagem de subsídios no total das medidas de apoio à energia e à inflação diminua significativamente em 2024 e seja insignificante a partir de 2025", consideram.
*Com Lusa
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