
Ao longo de 2023, as famílias e empresas sentiram os efeitos da rápida subida dos juros nos empréstimos (habitação e para outros fins). Mas esta evolução não foi acompanhada por uma subida dos juros nos depósitos ao mesmo ritmo. Este desequilíbrio deu gás ao aumento da margem financeira da banca portuguesa. E, em resultado, só os cinco principais bancos em Portugal registaram lucros de 4.444 milhões de euros em 2023, mais 72,5% face ao ano anterior. Mas, mesmo assim, os bancos reduziram o número de trabalhadores e de postos de atendimento no nosso país.
No total, os cinco maiores bancos que operam em Portugal - Caixa Geral de Depósitos (CGD), BPI, Millennium BCP, Novo Banco e Santander Totta - registaram lucros agregados de 4.444 milhões de euros em 2023, mais 72,5% face a 2022.
Para estes resultados, contribuiu a valorização da margem financeira – a diferença entre os juros cobrados nos empréstimos (habitação, pessoais e empresas) e os juros pagos nos depósitos –, que no acumulado do ano ultrapassou os 9.274 milhões de euros, mais 67,84% que no ano anterior.
Assim cresceram os lucros de cada banco residente em Portugal, segundo revelam os próprios nos resultados anuais:
- CGD: registou 1.291 milhões de euros de lucros no ano passado, mais 53,14% que em 2022, tendo a sua margem financeira mais que duplicado (103,55%) para 1.458 milhões de euros. Este foi mesmo o banco que conseguiu maiores lucros em 2023. Em resultado, o banco público deverá pagar ao Estado (o seu acionista) 1.258 milhões de euros entre dividendos, impostos e custos de supervisão;
- Santander Totta: os lucros atingiram os 1.030 milhões de euros em 2023, contra 606,7 milhões de euros em 2022 (+69,8%). Este foi o banco privado que apresentou os lucros mais elevados no ano passado. A margem financeira da instituição aumentou 90,45% em termos homólogos para 1.491 milhões de euros;
- Millennium bcp: registou lucros de 856 milhões de euros, contra 1.97,4 milhões de euros em 2022. A sua a margem financeira consolidada subiu 31,4%, para 2.825,7 milhões de euros;
- Novo Banco: teve um resultado positivo de 743,1 milhões de euros no ano, mais 32,5% que em 2022, tendo a sua margem financeira subido 82,7%, para 1.142,6 milhões de euros.
- BPI: viu os seus lucros subirem 42% em 2023, para 524 milhões de euros, enquanto a margem financeira da instituição do Grupo Caixabank escalou 69,6%, para 948,9 milhões de euros.
Se a estes cinco maiores bancos juntarmos também o Crédito Agrícola e Banco Montepio, os lucros somam 4.633,9 milhões de euros, o que compara com os 2.761 milhões de euros que os mesmos sete bancos obtiveram em 2022, escreve o Jornal Económico.
Mas o que está por detrás desta subida a pique dos lucros dos bancos em Portugal? Importa recordar que, em 2023, os lucros dos bancos foram beneficiados pelas altas taxas de juro nos empréstimos e lenta subida das taxas de juro nos depósitos – apesar de o Banco Central Europeu ter subido ambos os juros diretores na mesma medida. Este desequilíbrio acabou por beneficiar a sua margem financeira, já que esta é a diferença dos juros cobrados pelos bancos nos créditos e os juros pagos pelos bancos nos depósitos.
Maiores bancos em Portugal reduziram postos de trabalho

O que também salta à vista é que os cinco principais bancos sediados em Portugal passaram a ter menos 331 trabalhadores em 2023. E também reduziram o número de postos de atendimento (-26), segundo revela um levantamento feito pela Lusa.
Assim evoluíram os postos de trabalho e atendimento em cada um dos cinco maiores bancos a operar no nosso país:
- CGD: reduziu o número de trabalhadores em 270, terminando 2023 com 6.243 trabalhadores em Portugal. Este foi o banco que mais reduziu a força de trabalho num ano. Por outro lado, o número de balcões do banco público manteve-se em 515;
- BCP (banco privado com maior número de colaboradores): baixou em 10 o número de trabalhadores ao longo do ano, para 6.242, enquanto os seus postos de atendimento a nível nacional recuaram em nove, para 399;
- Santander Totta: baixou a sua força de trabalho em 29 funcionários em termos homólogos, para 4.615 trabalhadores, enquanto o número de balcões desceu em sete, para 332;
- BPI: deixou oito postos de atendimento em 2023 e perdeu 141 trabalhadores, terminando o ano com 316 agências e 4.263 funcionários;
- Novo Banco: é a exceção à regra no que aos postos de trabalho diz respeito, já que aumentou o seu número de trabalhadores para 4.209, acabando o ano com mais 119 trabalhadores. Por outro lado, reduziu em dois o seu número de postos de atendimento, para 290.
Em 31 de dezembro de 2023, os cinco bancos em análise totalizavam 25.572 trabalhadores e 1.852 postos de atendimento, contra 25.903 funcionários e 1.878 agências um ano antes.
*Com Lusa
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