O setor imobiliário está a ser, cada vez mais, utilizado para financiar o terrorismo e lavar dinheiro, segundo a "Avaliação Nacional de Riscos de Branqueamento de Capitais e de Financiamento do Terrorismo", da responsabilidade do Ministério da Justiça. Casinos, advogados, notários, offshores e zonas francas são também alvos fáceis deste tipo de atividades criminais, segundo documento.
O Diário de Notícias escreve, citado este estudo a que teve acesso, que o risco de financiamento do terrorismo e de branqueamento é "muito alto" no setor imobiliário e na atividade dos notários.
O risco de financiamento do terrorismo e de branqueamento de capitais "médio" existe ainda nos bancos e outras instituições financeiras. Mais moderado é o risco da atividade praticada nos casinos, no exercício da advocacia e dos solicitadores.
Como se escondem os fundos ilicitos?
"A advocacia apresenta o risco de poder vir a ser instrumentalizada, particularmente através da ocultação da origem ilícita de fundos ou da identidade dos seus verdadeiros titulares, em operações tão diversas como as do setor imobiliário, de investimentos em mercados financeiros ou de constituição de sociedades", explica o advogado Paulo Sá e Cunha ao jornal.
O trabalho consta de um recolher de dados ao longo de dois anos, da Grupo de Ação Financeira sobre o Branqueamento de Capitais, com elementos do Ministério da Justiça, das Finanças, dos Negócios Estrangeiros, Procuradoria-Geral da República e Serviços de Informações de Segurança.
"A chave para lidar com os riscos não está em legislar mais, mas sim em desenvolver os mecanismos de prevenção e de fiscalização, o que começa nos próprios profissionais - das áreas mais expostas, porque nestas coisas, como noutros riscos do mundo e da vida atuais, constitui sempre um erro preguiçoso e grave pensar que de um lado estamos nós e do outro lado estão os outros. Não existe "nós" e "os outros" em matéria de riscos", sublinha o advogado Rui Patrício, também em declarações ao DN,
A avaliação concluiu ainda que 60% dos casos de branqueamento de capitais são detetados no decorrer das investigações de crimes tributários.
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