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Ex-presidente do Montepio suspeito de vários crimes em negócio de terrenos
Expresso

António Tomás Correia, presidente da Caixa Económica Montepio Geral entre 2008 e 2015, está a ser investigado pelo Ministério Público por suspeitas de burla qualificada, abuso de confiança, branqueamento de capitais, fraude fiscal e “eventualmente corrupção”. O banqueiro terá recebido uma transferência de 1,5 milhões de euros de um construtor civil da Amadora no âmbito de um financiamento para a compra e a urbanização do Marconi Parque, detrás do hipermercado Continente da Amadora. 

O Expresso noticia que em causa está um crédito obtido junto do Montepio e do BES, no valor de 74 milhões de euros para a compra de terrenos com uma área de 50 hectares de terrenos na Serra de Alfragide e desenvolvimento de um projeto imobiliário. 

E o construtor civil no centro das suspeitas, por alegadamente ter dado dinheiro a Tomás Correia, é José Guilherme. O empresário da Amadora ficou famoso por ter dado 14 milhões de dólares ao banqueiro Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, e atualmente tem a residência oficial em Angola.

No âmbito deste inquérito-crime, o Ministério Público (MP) estará a investigar várias transferências feitas a partir de contas do banco suíço UBS tituladas por duas offshores cujos beneficiários finais são José Guilherme e o seu filho, Paulo Guilherme, e que tiveram como destino uma outra conta também aberta naquele banco.

As transferências terão ocorrido entre o verão de 2006 e o início de 2007, pouco depois de, em dezembro de 2005, os 50 hectares do Marconi Parque terem sido comprados por um fundo de investimento imobiliário fechado, o Invesfundo II, gerido pelo Grupo Espírito Santo (GES) e com contratos de financiamento estabelecidos com o Montepio e o BES, em que cada banco assumiu metade do empréstimo. 

Quem é Tomás Correia 

Ao Expresso Tomás Correia garante, através do seu assessor de imprensa, António Cunha Vaz, que “nunca” teve “qualquer relação comercial com qualquer cliente do banco nem nunca recebeu transferências de qualquer cliente do banco em contas na Suíça”. O Expresso tentou por diversas vezes entrar em contacto com a advogada de José Guilherme, mas sem sucesso. O construtor civil da Amadora encontra-se a viver em Angola, onde tem atualmente a sua residência oficial. 

Nascido no seio de uma família pobre de agricultores e crescido em Moscavide, Tomás Correia subiu "a pulso" na área financeira. Licenciado em Direito, passou por vários bancos até chegar à liderança do Montepio.

Em 2015, tal como recorda o jornal, foi forçado a sair do banco devido à degradação dos resultados da instituição e, um ano depois, foi acusado, juntamente com um ex-administrador, pelo Banco de Portugal por falhas no controlo interno do Montepio das regras de prevenção de branqueamento de capitais. Esta situação foi comunicada ao Ministério Público, que abriu um inquérito-crime. 

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