Esta sexta-feira, em Lisboa, às 10h30 da manhã, o polémico processo de venda da Herdade da Comporta chega supostamente ao fim, havendo três candidatos na corrida. Os participantes no Fundo Especial de Investimento imobiliário Fechado, detentor da Herdade da Comporta, reúnem-se em assembleia-geral para deliberar sobre as propostas de aquisição do imóvel. É uma história marcada por obras ilegais, acusações e arguidos por corrupção.
A venda da Herdade da Comporta, nos concelhos de Alcácer do Sal e Grândola, foi decidida há cerca de três anos, após o colapso financeiro do Grupo Espírito Santo, mas, apesar de terem surgido alguns interessados, nacionais e estrangeiros, o negócio ainda não se concretizou.
As propostas em causa
A assembleia de participantes vai escolher o futuro dono das áreas turísticas da Comporta. Estes são os argumentos dos três candidatos à Comporta, resumidos pelo Jornal de Negócios.
1 - PORTUGÁLIA
- Oferta O consórcio Oakvest/Portugália/Sabina Estates oferece ao fundo 36,5 milhões de euros e assume integralmente a dívida à CGD de 118 milhões de euros.
- Planos O consórcio vai rever os planos existentes para as duas áreas de desenvolvimento turístico e prevê que em dois anos, no máximo, o projeto passe para o terreno.
- Promessas O consórcio garante o envolvimento de grandes marcas hoteleiras e arquitetos de renome.
2 - AMORIM
- Oferta O consórcio formado pela Amorim Luxury e a Vanguard Properties oferece ao fundo 28 milhões de euros e compromete-se a saldar a dívida com a CGD.
- Planos Consideram que a Comporta tem de ser um produto de qualidade mundial. Paula Amorim quer criar um hotel JNcQUOI.
- Promessas O consórcio garante ter capacidade para alavancar 250 a 300 milhões de euros, verba necessária para desenvolver o projeto.
3 - BROGLIE
- Oferta Inicialmente a oferta do aristocrata francês, Louis-Albert de Broglie, era de 115 milhões, incluindo a assunção de dívida da CGD. Agora terá subido a parada para 159 milhões. Desconhece-se se esta última oferta será considerada pela Gesfimo.
- Planos Broglie e os seus parceiros dizem ter um plano que promove a biodiversidade da paisagem e cria empregos permanentes e bem pagos.
- Promessa Investir 400 milhões e fazer da Comporta uma "Utopia".
Vizinhos e agricultores preocupados com novos donos
A assembleia-geral marcada para hoje, tal como conta a Lusa, decorre numa unidade hoteleira de Lisboa num momento em que foi conhecida uma investigação judicial por suspeitas de corrupção em diversas obras da herdade, no âmbito de um processo que já tem vários arguidos formalmente constituídos.
Enquanto aguardam por novos desenvolvimentos no que respeita à venda da Herdade da Comporta, agricultores e moradores na herdade continuam a fazer eco das preocupações que têm vindo a manifestar desde o primeiro dia em que foi anunciada a venda do imóvel.
Alguns moradores, relata a agência de notícias, construíram as suas casas devidamente autorizados pelos administradores da herdade, mas alegam que não têm qualquer documento comprovativo e receiam que não seja possível a legalização da situação.
Também os produtores de arroz temem ser prejudicados pelos futuros donos da Herdade da Comporta, caso estes não queiram manter a produção agrícola naquele território, que é a única forma de sustento de centenas de famílias da região do litoral alentejano.
Por outro lado, exigem que o Estado acompanhe todo o processo de venda para que se salvaguardem os interesses dos residentes no interior da Herdade da Comporta, bem como dos agricultores.
A administração da herdade sempre afirmou que todos os contratos estabelecidos eram para cumprir, independentemente dos acionistas, mas as garantias dadas no passado não tranquilizam agricultoras e população.
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