
A limitação da atribuição de vistos gold resultantes de investimentos imobiliários às regiões de baixa densidade terá um “impacto negativo”, considera a Confederação do Turismo de Portugal (CTP), mostrando-se preocupada com o assunto, que tem, de resto, gerado muita polémica.
“Limitar a atribuição dos vistos gold às regiões de baixa densidade, deixando de estar prevista para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, é ignorar o importante contributo económico que estes investimentos têm tido em diversas atividades, entre as quais o turismo”, refere o presidente da CTP, Francisco Calheiros, em comunicado. “Estes investidores estrangeiros têm um potencial extremamente importante para a economia nacional e local”, acrescenta.
Segundo a Lusa, na nota divulgada, a CTP diz entender “a importância de captar o investimento para as restantes regiões do país, mas lembra que este programa é crucial para alguns segmentos da atividade turística”, como por exemplo o turismo residencial. Um tipo de turismo que “apresenta um significativo potencial de crescimento nas áreas metropolitanas de Lisboa (AML) e Porto (AMP), com realidades muito distintas nos diferentes municípios que as constituem”, adianta a confederação.
“Além disso, a imagem do país em nada fica beneficiada com estas constantes alterações legislativas e fiscais, que lançam a dúvida e a instabilidade neste mercado, afastando investidores internacionais”, lamenta Francisco Calheiros.
Vistos gold pesam apenas 3% no negócio
Entretanto, e segundo um estudo realizado pela consultora imobiliária Savills Portugal, o valor total das aquisições de habitação em 2019 rondou 25.000 milhões de euros, sendo que o peso dos vistos gold no total do valor das aquisições terá sido de cerca de 3% (estimativa).
“Com a previsão de entrada em vigor apenas em 2021 das restrições à concessão de vistos gold nas AML e AMP pela via de aquisição de imobiliário, os preços não deverão sofrer alterações significativas no decorrer deste ano. Mesmo após a entrada em vigor da medida, o principal efeito não deverá ser sentido nos preços, mas sim no clima de confiança depositado em Portugal, que apresenta ainda uma imagem frágil no cômputo internacional”, refere a consultora em comunicado.
Uma estimativa, de resto, partilhada pela consultora imobiliária Imovendo, que conclui que a probição de atribuir vistos gold na AML e na AMP “não deverá ter qualquer impacto”, visto que “desde 2017 que o investimento realizado por estrangeiros em Portugal no âmbito do programa tem vindo a cair”.
“No terceiro trimestre de 2019 apenas cerca de 3,1% do volume de negócios do mercado respeita ao investimento estrangeiro ‘gold’, pelo que me parece que a recente discussão em torno deste veículo de investimento necessita ser obervada de forma pragmática e com uma perspetiva de longo prazo”, comenta Manuel Braga, CEO da consultora.
“Se indexarmos o volume de negócios realizado em Portugal, enquanto um todo e por via dos vistos gold, fica claro que ao passo que aquele investimento estrangeiro não cresceu, o mercado imobiliário nacional cresceu praticamente três vezes, o que demonstra a sua vitalidade e independência face a este veículo”, acrescenta.
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