Decisão foi tomada por Carlos Moedas, autarca de Lisboa. Moradores aplaudem, mas a oposição critica.
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Parque verde na Feira popular de Lisboa
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Em Lisboa, salta à vista o estado de abandono dos terrenos em Carnide outrora destinados à feira popular. E há uma razão que o justifica: os planos mudaram e neste local o novo executivo da capital planeia desenvolver um parque verde. “Hoje em dia faz muito mais sentido ter ali um parque com equipamentos para as pessoas”, afirmou Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa. Os moradores aplaudem decisão.

“O conceito de Feira Popular hoje já não faz o mesmo sentido do que há 20 ou 30 anos atrás. Nós temos de repensar esse conceito. Sobretudo temos de ter ali um parque verde com equipamentos para as pessoas. Faz muito mais sentido neste momento”, disse o autarca da capital citado pela Rádio Renascença.

Isto quer dizer que há uma alteração nos planos do ex-autarca da cidade Fernando Medina. Para estes terrenos junto ao Bairro Padre Cruz, em Carnide, estava previsto instalar a Feira Popular de Lisboa, num investimento de 70 milhões de euros, segundo anunciou o ex-autarca em 2015. E neste espaço foram feitas algumas intervenções, mas as obras estão paradas há cerca de um ano. O atual estado de abandono do terreno, com cerca de 10 hectares, tem preocupado o presidente da Junta de Carnide, Fábio Sousa, que diz mesmo que “é um perigo” para a população.

A verdade é que a mudança de planos já havia sido anunciada por Carlos Moedas no seu programa eleitoral, no qual propunha “transformar o atual projeto da Feira Popular, para prever um novo Parque Urbano, com equipamentos de lazer e desporto, incluindo uma nova piscina exterior natural em Carnide, de grande dimensão, ambientalmente inovadora”. E tudo indica que será mesmo para avançar.

Feira Popular de Lisboa
Antigo projeto da Feira Popular de Lisboa CML

Quais as reações da mudança de planos para a Feira Popular?

Desde logo, os moradores da freguesia de Carnide manifestaram “grande esperança” na opção do presidente da Câmara de Lisboa, de alterar o projeto da Feira Popular para construir um parque verde, com equipamentos de lazer. “Vejo com grande esperança de que se torne, efetivamente, uma realidade, porque esse era o desejo dos moradores”, afirmou o presidente da Associação de Moradores do Bairro Novo de Carnide e Quinta do Bom Nome, Carlos Durão.

O presidente da junta de Carnide também já se manifestou a favor do novo projeto para os terrenos da feira popular. “Eu não me oponho, obviamente, à construção do parque verde, e então se vier acompanhado de equipamentos para usufruto da população, sejam eles desportivos, como uma piscina, equipamentos desportivos e equipamentos sociais, obviamente que não me oponho a nada disso”, disse à Lusa Fábio Sousa, sublinhando que o importante é que o projeto seja uma oportunidade de desenvolvimento da freguesia e com contrapartidas reais para as pessoas que habitam nas imediações.

Mas não houve apenas vozes a favor do novo projeto para os terrenos em Carnide. O BE de Lisboa considerou “inaceitáveis” as declarações de Carlos Moedas sobre o abandono do projeto da Feira Popular, acusando-o de “desistir de governar” para quem vive na cidade. “O presidente da Câmara Municipal de Lisboa diz que estes espaços de diversões não fazem sentido na cidade porque desistiu de governar para quem aqui vive, concentrando-se apenas no turismo e no imobiliário”, afirma o BE, em comunicado, recordando que o antigo parque de diversão no centro da capital foi encerrado em 2003, “fruto da enorme pressão imobiliária sobre os terrenos de Entrecampos”.

Também a vereação do PS na Câmara de Lisboa acusou Carlos Moedas de falta de visão e de ambição para governar a cidade, inclusive ao desistir do projeto da Feira Popular em Carnide. “A imagem de marca de Carlos Moedas, como se viu uma vez mais, é não fazer. Perante o desafio de algo que possa dar trabalho, ou gerar alguma crítica, Moedas recua, suspende ou cancela”, afirmou o PS, numa nota enviada à agência Lusa.

Os socialistas defendem que a conclusão do projeto da Feira Popular em Carnide, apresentado em novembro de 2015 por Fernando Medina (PS), “para lá de uma ambição fortemente reclamada pelos lisboetas há quase 20 anos, era um instrumento crítico para o equilíbrio da carga económica e turística da cidade”.

*Com Lusa

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