
A gigante imobiliária Merlin Properties continua a avançar com o seu plano de se tornar um dos principais operadores de data centers com o desenvolvimento de vários projetos na Península Ibérica. A socimi já está a construir três centros de dados em Espanha, localizados em Álava, Madrid e Barcelona, e prevê pedir licenças para o de Lisboa em breve, o único que para já está no 'pipeline' para Portugal.
"Terminamos os edifícios, com telhados, água e paredes. Em Madrid e Álava já estamos a instalar as fachadas, que produzirão a sua própria eletricidade, e em Barcelona estamos a ir um pouco mais devagar. Estamos dentro do cronograma e esperamos poder ter os três inaugurados em outubro. Vamos ver se em Barcelona conseguimos recuperar do atraso administrativo que temos", afirma Ismael Clemente, CEO da gigante imobiliária, ao idealista/news.
Nestes primeiros meses do ano, a empresa prevê também candidatar-se às licenças do projeto português, embora vá adiar o início das obras no início de 2024 e a inauguração, para 2025, devido à "lentidão" administrativa que está a enfrentar.

A aposta da Merlin nos data centers passa pelo desenvolvimento de cerca de 100.000 m2 entre os quatro projetos ibéricos:
- O de Madrid situa-se no município de Getafe, na antiga sede da divisão de defesa do grupo informático Amper, e terá cerca de 22.500 m2 de área bruta locável.
- Em Barcelona, o data center está construído no Parque Logístico da Zona Franca (PLZF) e terá uma área de cerca de 22.130 m2, enquanto em Álava conta com cerca de 23.150 m2 nas primeiras fases, expansíveis para mais de 100.000 m2 futuramente, dentro do pólo industrial de Arasur.
- O quarto empreendimento será em Vila Franca de Xira, na área metropolitana de Lisboa, onde prevê desenvolver um centro de 33.000 m2, com possibilidade de acrescentar mais 40.000 m2.
Os centros em Espanha têm um inquilino inicial, a que Ismael Clemente chama de 'arrendatário cobaia', embora no futuro passem a ter o formato 'multi-inquilino', uma vez que o seu objetivo é fechar contratos individuais. A empresa prevê inaugurar as instalações com uma capacidade inicial de 9 MW, dos quais já tem 5,6 MW pré-arrendados, estando já em negociações com várias empresas interessadas, embora exclua a celebração de novos contratos até que os centros estejam em pleno funcionamento.
Um plano de cinco anos com quase 600 milhões de 'capex'
O plano de desenvolvimento destes data centers está dividido em várias fases. A primeira, que decorrerá até ao final de 2023, contempla o arranque de 12 MW de capacidade implantados em pelo menos três das quatro localizações, enquanto a segunda fase assenta em atingir 70.000 m2 de superfície e 70 MW implantados em 2026/2027 entre todos os projetos, com um 'capex' próximo dos 575 milhões de euros.
A partir daí, a expansão dos centros no País Basco e na capital de Portugal passaria a dotá-los de maior capacidade, consoante a procura. A capacidade máxima dos quatro data centers chega a 250 MW, o dobro da potência instalada atualmente em Espanha.

A aposta da socimi nestes ativos baseia-se no forte crescimento da procura de data centers previsto para as próximas décadas, bem como em contratos de arrendamento de muito longa duração e rendas elevadas.
No caso de Álava, por exemplo, o contrato foi assinado por um prazo de 45 anos, com receitas estimadas em cerca de 75 milhões de euros. E as previsões internas da empresa apontam para receitas máximas entre 250 e 300 milhões de euros caso desenvolva a capacidade total dos data centers.
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