
O pipeline de data centers previsto para a Europa durante os próximos três anos é insuficiente para satisfazer o aumento previsto da procura. A garantia é dada pela Savills, que prevê, com base em dados da TeleGeography, que a capacidade de potência dos data centers europeus totalizará 9.000 MW até 2025. No entanto, refere a consultora, o número de data centers terá de aumentar aproximadamente 2,5 vezes, através da construção de mais de 3.000 espaços, fornecendo quase 20.750 MW, de forma a satisfazer a procura.
“A procura de armazenamento de dados tem vindo a crescer rapidamente desde 2020 e espera-se que o boom de dados continue, pelo menos, nos próximos cinco anos, com cerca de 72% das empresas a nível mundial a utilizarem plataformas digitais e cloud computing até 2026”, diz Lydia Brissy, Director European Research da Savills, em comunicado.
"A procura de armazenamento de dados tem vindo a crescer rapidamente desde 2020 e espera-se que o boom de dados continue, pelo menos, nos próximos cinco anos"
Lydia Brissy, Director European Research da Savills
Também citado na nota, Scott Newcome, Head of Data Centers da Savills EMEA, salienta que o ano de 2022 ficou marcado por “uma forte entrada de capital privado na indústria, representando 90% do valor global de M&A de data centers”. “Com construção e gestão de valor avultado, os data centers requerem escala para atingir a rentabilidade, e é por isso que têm atraído tanto capital privado”, acrescenta.
A Savills adianta que estes espaços são ativos de capital intensivo, sendo que a indústria, para satisfazer a procura por data storage, está a concentrar o seu Capex na expansão e melhoria das instalações atuais, o que está a conduzir a um aumento das transações de sale & leaseback.
Os destinos mais apetecíveis na Europa são...
Relativamente aos destinos mais apetecíveis da Europa para a instalação de data centers, com base em fatores que incluem a infraestrutura digital local, tecnologia, custos, procura e oferta e disponibilidade de energia renovável, a consultora destaca Frankfurt (Alemanha), Londres (Reino Unido) e Paris (França). “As cidades dos países nórdicos também ocupam um lugar de destaque, dada a disponibilidade de energia verde e a relativa acessibilidade de preços”, lê-se na nota.
Scott Newcombe considera que “os fundamentos do setor de data centers são sólidos no pano de fundo da incerteza económica global”, mas lembra que se trata de um segmento que também “não está imune à convulsão geopolítica”. “Altamente intensivo em termos energéticos, o acesso à energia é fundamental para o funcionamento destes centros, mas com a guerra na Ucrânia a causar limitações no abastecimento energético do continente, a segurança da energia está agora a tornar-se um desafio crítico. Por enquanto, é provável que os promotores concentrem novos projetos em locais onde a energia é assegurada, como a região nórdica, que é autoeficiente e verde”, explica.
Portugal com potencial para se tornar num grande polo
A nível nacional, este é um segmento do setor imobiliário que também está a crescer e a atrair investidores, revela Alexandra Portugal Gomes, Head of Research & communications da Savills Portugal. “(…) Portugal conta com o potencial para se tornar um dos grandes polos de infraestruturas de data centers da Europa, fruto da nossa localização geográfica privilegiada entre Europa, América do Sul e África, entre outros fatores como segurança e inovação. Em Portugal, grande parte das empresas optam por fazer o armazenamento de dados nas suas próprias instalações. Mas este cenário deverá sofrer uma reconfiguração, com a procura por data storage a aumentar à boleia do aumento exponencial de tráfego de dados”, conclui.
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