
São várias a obras que estão a decorrer na Baixa de Lisboa em simultâneo, desde a expansão do metro à execução do Plano de Drenagem, que têm já causado vários constrangimentos à circulação automóvel. Para responder a esta questão, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) decidiu aplicar medidas concretas: parte da Baixa de Lisboa e a zona ribeirinha só vão ficar abertas ao trânsito local durante o dia já a partir de 26 de abril.
Em concreto, a zona lisboeta entre as avenidas Infante Santo e Mouzinho de Albuquerque vai ficar apenas aberta a trânsito local (moradores e trabalhadores) entre as 8h e as 20h já a partir do próximo dia 26 de abril, anunciou a CML esta terça-feira. Tudo indica que estes constrangimentos deverão prolongar-se por, pelo menos, um ano. A exceção a esta regra serão os autocarros dos transportes públicos, como os da Carris. Já os veículos TVDE (como os Uber) vão ser condicionados, porque não são considerados transportes públicos, refere o Público.
Entre as alterações à circulação na zona ribeirinha de Lisboa devido às obras - em vigor a partir do próximo dia 26 de abril - está a proibição de acesso a veículos com mais de 3,5 toneladas entre as 8 horas e as 20 horas, quer sejam viaturas para abastecimento de estabelecimentos comerciais ou autocarros de transporte turístico, sendo esta uma medida que quase de certeza se manterá mesmo depois de as obras acabarem, aponta a Lusa.
Como via alternativa à circulação automóvel, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, apresentou na terça-feira uma “5.ª Circular” imaginária, de Alcântara ao Parque das Nações, que vai estar devidamente sinalizada. Estas mudanças ao trânsito são, de resto, o primeiro passo para reduzir o tráfego automóvel na Baixa de Lisboa de forma mais definitiva, refere o mesmo jornal.

Esta foi a medida que a autarquia de Lisboa encontrou para dar resposta aos constrangimentos à circulação automóvel, que estão a ser provocados por várias obras em curso na capital, como:
- a expansão do Metro de Lisboa;
- a realização do Plano de Drenagem, para evitar situações de cheias na capital;
- a reabilitação da rede de saneamento (trânsito Rua da Prata já condicionado)
- a repavimentação de vias, obras que já estão a condicionar o trânsito nas imediações da Alameda Infante D. Henrique.
Associações da Baixa e do Chiado criticam medidas - e há soluções em cima da mesa
A solução encontrada por Carlos Moedas não tem agradado a muitos, como é o caso da Associação Valorização do Chiado (AVC), que considerou que os condicionamentos à circulação automóvel na baixa lisboeta, a partir de 26 de abril, vão ter um impacto negativo, quer para moradores, quer para comerciantes e empresas.
“Os condicionamentos irão impactar negativamente. O Chiado está a tornar-se numa ilha e isto, qualquer dia, não sei como se tem aqui acesso”, alertou Victor Silva, da AVC, reconhecendo também que os negócios “já estão a sofrer e vão continuar a sofrer”. “Durante os três primeiros meses – janeiro, fevereiro e março – foi comercialmente um desastre. Os portugueses não vêm cá e não há turistas”, reconheceu.
Também a "Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP), enquanto representante das atividades económicas existentes na zona da Baixa/Chiado, lamenta a decisão tomada pela edilidade lisboeta relativamente à alteração de trânsito, que alegadamente será devida às diversas obras em curso na cidade”, lê-se numa nota enviada à Lusa.
Para a ADBP, estas medidas poderão vir a ter “sérias e graves consequências para as atividades económicas, principalmente, para as mais recentes e mais ligadas ao esforço de reabilitação urbana, ocorrida nos últimos anos, nesta parte da cidade, nomeadamente no que concerne à hotelaria e à restauração”.

Por isso, a ADBP propõe um conjunto de medidas para minorar os impactos das novas restrições ao trânsito na Baixa de Lisboa, como:
- o alargamento do horário de cargas e descargas a veículos com mais 3,5 toneladas, já que o período proposto “irá impor aos fornecedores e às atividades económicas, um significativo aumento de custos, nomeadamente, em termos de pessoal”;
- a criação de uma zona a sul para cargas e descargas de veículos com mais 3,5 toneladas que funcione 24 horas por dia “e com um período máximo de 45 minutos”, considerando que “a par da localização de lugares de estacionamento a Norte – Rossio, terá que existir uma área semelhante na parte Sul da zona da Baixa/Chiado”;
- a “melhoria significativa” dos transportes públicos na zona da Baixa/Chiado;
- a manutenção do acesso de veículos ligeiros particulares aos parques de estacionamento dos Restauradores, Praça da Figueira, Praça do Município, Largo da Boa Hora e Chiado;
- o alargamento do número de postos de carregamento para veículos elétricos;
- o fim de “todos e quaisquer lugares de estacionamento à superfície para instituições do Estado, a começar pelos da Câmara Municipal de Lisboa”.
*Com Lusa
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