Análise do INE conclui que há menos casas licenciadas e uma pressão construtiva assimétrica, mais focada nos centros urbanos.
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Construção de casas em Portugal
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O panorama da construção em Portugal entre 2011 e 2023 não é animador. O Instituto Nacional de Estatística (INE) conclui que houve menos casas licenciadas e uma pressão construtiva assimétrica, sendo mais concentrada no litoral e nos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto, onde vivem mais pessoas. Além disso, observou-se “uma ligeira diminuição da construção em altura” e as casas estão a ficar mais pequenas.

Desde logo, o INE começa por explicar que "a dinâmica construtiva potencial em Portugal, medida pelo número de fogos licenciados entre 2011 e 2023, face ao número total de fogos existentes em 2011, foi de 5,4%”, lê-se na publicação “Pressão Construtiva 2011-2023” divulgada esta quinta-feira, dia 22 de maio.

A nível geográfico, só a região Norte e as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira superaram este valor. O Norte foi assim a região com “maior dinamismo construtivo” (com 7,3%), muito impulsionada pelas obras levadas a cabo nas sub-regiões do Cávado e do Grande Porto, onde “o crescimento da construção coincidiu com o aumento da população residente” neste período, explica o instituto.

Ainda assim, “o licenciamento de obras em Portugal registou uma ligeira tendência decrescente no número de edifícios e de pisos, com taxas médias de crescimento anual de -0,6% e -0,5%, respetivamente”, refere o INE. A maioria das regiões contribuíram para esta queda de licenças, à exceção da Península de Setúbal, Grande Lisboa e Região Autónoma da Madeira.

Construção em Portugal
INE

Construção nova domina – mas há menos prédios altos e casas mais pequenas

Também foi observada “uma ligeira diminuição da construção em altura” no nosso país: passando de uma média de 1,8 pisos por edifício em 2011 para 1,7 pisos por edifício em 2023. E também tudo indica que se estão a construir casas mais pequenas. O INE destaca que as tipologias T3 ou superior tinham uma média de 4,1 divisões por fogo licenciado em 2023, um valor inferior à média de 4,6 divisões por fogo licenciado registada em 2011. De notar ainda que estão a ser construídas mais casas por edifício e por piso, de forma a rentabilizar o negócio.

“A construção nova foi o tipo de obra predominantemente licenciada em Portugal na maioria dos anos entre 2011 e 2023. A única exceção ocorreu entre 2012 e 2014, período em que, no conjunto, as obras de reabilitação do edificado (alterações, ampliações e reconstruções) superaram os licenciamentos para construção nova”, explica ainda. Foi em 2012 que as obras de reabilitação atingiram o valor mais elevado (60,2 licenças por cada 100 construções novas), um indicador que em 2023 passou a situar-se nos 30,3.

“Em Portugal, entre 2011 e 2023, a proporção de área licenciada para reconstrução face à destinada a novas construções manteve-se relativamente baixa, não ultrapassando os 5% ao longo de todo o período”, indica o INE, dando nota que o pico foi atingido em 2014 (4,9%), tendo, a partir desse ano, se verificado uma “inversão na tendência, com uma diminuição gradual que culminou nos 1,6% registados em 2023”.

Licenças de casas novas em Portugal
INE

Pressão construtiva com “fortes assimetrias regionais”

“A pressão construtiva no continente evidenciou fortes assimetrias regionais, com maior intensidade nas zonas litorais e metropolitanas, mas também em regiões como o Cávado, contrastando com uma menor expressão no interior e em áreas menos densas”, conclui ainda o gabinete de estatística português. 

Esta diferença territorial foi visível tanto na pressão construtiva em área construída, como na pressão construtiva em altura: 

  • Pressão constitutiva em área: os valores mais elevados observaram-se na Área Metropolitana do Porto e na Grande Lisboa;
  • Pressão constitutiva em altura: destacam-se algumas regiões fora dos grandes centros urbanos, como o Alentejo Litoral, Baixo Alentejo, Terras de Trás-os-Montes e Médio Tejo. Já o Alto Minho, a Grande Lisboa e a Beira Baixa registaram os valores mais negativos neste indicador.

“O Algarve, a Península de Setúbal e o Cávado destacaram-se por conjugarem a pressão construtiva quer na área construída, quer na altura, ao contrário da Grande Lisboa e da Área Metropolitana do Porto, cujo crescimento se concentrou sobretudo na pressão em área”, conclui ainda o INE.

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