Os proprietários das casas da ilha da Culatra, na Ria Formosa, Algarve, dizem que foram apanhados de surpresa com a decisão do Governo de avançar com as primeiras 60 demolições, de um total de 81 construções ali localizadas, até ao final de outubro. O argumento do Executivo é que nenhuma dessas casas é de primeira habitação e que todas, localizadas a menos de 40 metros da linha de água da ria, estão em perigo.
"Há uma falta de diálogo a que não estávamos habituados com este Governo PS", disse à Lusa Feliciano Júlio, da Associação da Ilha do Farol de Santa Maria, defendendo que o processo "deve ser reanalisado", pois, ao contrário das declarações do ministro do Ambiente, "existem casas de primeira habitação" no grupo daquelas cujos proprietários foram esta semana notificados para demolição.
Já o presidente da Associação de Moradores dos Hangares, José Lezinho, outro dos núcleos afectados pelas demolições, classificou a situação como sendo "uma barbaridade", criticando o facto de agora terem sido estabelecidos 40 metros da linha de água da ria como sendo zona de risco, o que faz com que a maior parte das casas fiquem abrangidas.
Segundo os dois representantes das associações de proprietários com quem a Lusa falou, o que a lei estabelece é que a zona de risco se situa a 30 e não a 40 metros da linha de água, e caso sejam considerados os 40 metros serão abrangidas muito mais construções para demolição do que as que estavam inicialmente previstas.
Na quarta-feira, segundo escreve a agência de notícias, o grupo parlamentar do PCP requereu nova audição do ministro "com a máxima urgência" por causa de alegadas contradições sobre demolições na ria Formosa entre o Governo e a entidade estatal especializada.
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