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Comprar casa nas zonas mais ruidosas de Lisboa e Porto pode ser 15% mais barato
Expresso

O preço das casas em cidades como Lisboa e Porto tem vindo a aumentar, mas há certas zonas que tendem a permanecer mais baratas. Falamos de imóveis localizados em áreas mais ruidosas. Nestes casos, as casas são mais difíceis de vender e o preço pedido pelas mesmas chega a ser 15% mais baixo que o valor médio de mercado.

“O ruído tem impacto no imobiliário, mas depende do consumidor final. Ninguém quer morar numa zona ruidosa, mas há quem não se importe, mas não pagaria tanto como se fosse uma mais tranquila. Se estamos perante um eixo com imensos carros e ruído, tem de se baixar de facto o preço e se calhar chega aos 15%”, referiu Nuno Gomes, diretor da agência imobiliária Remax Prestige, em Lisboa, citado pelo Expresso.

Um dos negócios que Nuno Gomes disse ter perdido devido ao excesso de ruído é uma moradia em Campolide, tendo o cliente interessado pedido a uma empresa para avaliar esse impacto e decidido não comprar. “Não era uma questão de preço, mas de conforto”, explicou, salientando que “o ruído é mais um item que pode apertar a malha da componente do consumidor final”.

Uma opinião partilhada por José Pedro Falcão, gerente da mediadora Era Alcântara: “Quando há barulho extremo o imóvel sofre redução de preço em comparação com um apartamento idêntico que pode ser à volta dos 10% a 15%”.

Segundo a publicação, no Plano de Ação do Ruído (PAR) da Câmara Municipal de Lisboa (CML) é referido que as zonas que apresentam valores de ruído ambiente superiores a 60 e 70 decibéis (o máximo legal nas zonas mistas com habitação e serviços é de 55 decibéis à noite, entre as 23h e as 7h, e 65 decibéis para o período diurno) correspondem a áreas próximas de vias de tráfego rodoviário intenso, sendo esta a principal fonte de ruído na cidade. Já a ferrovia tem uma expressão muito localizada e o barulho dos aviões, apesar de contribuírem para o ruído ambiente global, “é na maior parte do território mascarado pelo ruído proveniente do tráfego rodoviário”, aponta o PAR.

Nas 29 zonas da capital consideradas no PAR, todas sofrem com o barulho dos carros e só a nove é acrescido os aviões, a sete os comboios e a quatro fontes pontuais. De acordo com o PAR, “a exposição ao ruído acarreta efeitos negativos, com elevados encargos que surgem associados principalmente a riscos para a saúde e a perdas de valor imobiliário”.

Já no Porto, Filipe Araújo, vereador da inovação e ambiente da autarquia, considera que as duas grandes fontes de ruído são o tráfego rodoviário e as atividades económicas. O município identificou oito zonas em sobre-exposição sob gestão municipal e para reduzir o efeito está também a tomar medidas, como a redução da velocidade dos veículos e do número de pesados e a beneficiação de pavimentos.

Para Alex Himmel, diretor da mediadora imobiliária Von Poll Portugal, “as casas viradas para a Via de Cintura Interna (VCI) vendem-se com mais dificuldade”. “Um prédio que tenha apartamentos virados para a VCI e outros não, os segundos vendem-se melhor e nos outros o preço acaba por ser mais baixo, eventualmente 5% a 10%”, afirmou, citado pelo semanário.

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