
Comprar casa em Portugal está cada vez mais caro. Esta é uma realidade confirmada pelos dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE). Só na reta final de 2021, os preços das casas deram o salto de 11,6% face aos últimos três meses de 2020. E contabilizando o saldo de todo o ano de 2021, o gabinete de estatística revela que as casas ficaram, em média, 9,4% mais caras em 2021 do que no ano anterior.
No que diz respeito ao quarto trimestre de 2021, os preços das casas subiram 11,6% face ao período homólogo, um valor 0,1 pontos percentuais (p.p.) acima do observado no trimestre anterior. “Neste período, os preços das habitações existentes aumentaram a um ritmo superior ao das habitações novas, 11,9% e 10,6%, respetivamente”, lê-se no boletim do INE publicado esta quarta-feira, dia 23 de março de 2022.
Neste cálculo entraram as 45.885 transações realizadas nos últimos três meses de 2021, um número que representa um crescimento homólogo de 17,2% e um aumento, face ao trimestre anterior, de 5,6%. Estas transações de casas totalizaram 8,2 mil milhões de euros, mais 34,9% face a idêntico período de 2020, referem ainda.
Casas ficaram 9,4% mais caras em 2021
“Em 2021, ainda num contexto económico condicionado pela pandemia da Covid-19, manteve-se a dinâmica de crescimento dos preços das habitações transacionadas”, começa por referir o gabinete de estatística português. Isto porque o preço das casas – dado pelo Índice de Preços da Habitação do INE - apresentou uma variação média anual de 9,4%, mais 0,6 p.p. que a registada em 2020.
No total, venderam-se 165.682 habitações em 2021, mais 20,5% que em 2020. “Neste período, o valor das transações totalizou 28,1 mil milhões de euros, traduzindo-se num crescimento de 31,1% comparativamente ao ano anterior”, referem ainda.
“O início do ano caracterizou-se por uma redução homóloga do número de transações, reflexo das restrições verificadas no contexto da pandemia Covid-19 nos meses de janeiro e fevereiro. Março deu início a uma dinâmica continuada de crescimento do número de transações, a qual atingiu a sua amplitude máxima entre abril e junho, período no qual se registaram aumentos superiores a 50%. Na segunda metade do ano, manteve-se o aumento do número de transações, embora a um ritmo inferior, de cerca de 22% e 17%, respetivamente, no terceiro e quarto trimestres”, analisa o INE.
O que também foi notório ao logo do ano – e à semelhança do que se verificou no quarto trimestre de 2021 – é que a subida dos preços foi mais intensa nas habitações existentes (9,6%) do que nas casas novas (8,7%). No que diz respeito ao número e valor das transações, as casas existentes evidenciaram um aumento de 22,1% e 34,2%, respetivamente. Já em relação às habitações novas, observou-se um aumento de 12,9% no número de transações e de 21,7% no valor.
Quem comprou mais casas em 2021?
Os dados também mostram que a maioria dos compradores das casas foram famílias. “Em 2021, as transações de habitações cujo comprador pertencia ao setor institucional das Famílias, representaram 85,6% e 85,7%, respetivamente, em número e valor total das transações registadas”, referem ainda. Os registos de 141.744 transações e 24,1 mil milhões de euros, representam, em relação a 2020, aumentos de 19,4% no número de transações e de 32,0%, em valor.
E de onde vêm os compradores de casas em Portugal? “No total de vendas de alojamentos contabilizadas em 2021, 94,6% apresentaram comprador com o domicílio fiscal em território nacional (156.759 transações), seguindo-se a União Europeia com 2,8% (4 557) e os restantes países com 2,6% (4.366)”, referem. Note-se que os negócios que envolveram compradores com residência em Portugal subiram 20,3% num ano, enquanto os com domicílio nos países fora da UE subiram ainda mais: 66,5%
Entre 2019 e 2021, cerca de 89,8% do valor das vendas de habitações em território nacional foi investido por contribuintes que apresentavam o domicílio fiscal em Portugal. Ao todo, foram movimentados 64,8 mil milhões de euros por estas pessoas neste período. Já os compradores com domicílios fiscais na União Europeia e os restantes Países, registaram montantes semelhantes, 3,8 mil milhões de euros e 3,5 mil milhões de euros, pela mesma ordem.

Onde é que se compraram mais casas em 2021?
Foi na Área Metropolitana de Lisboa onde se registaram o maior número de transações (51.014) e o maior volume de investimento (12,0 mil milhões, pesando 42,6% face ao total). E logo a seguir está a região Norte com 47.699 casas transacionadas e um valor que pesa 24% face ao total. Ainda assim, o INE sublinha que o peso relativo do conjunto de transações nestas duas regiões é o “mais baixo desde 2009”.
A seguir, o destaque vai para a região Centro, onde se registaram 33.885 transações, o que correspondeu a 20,5% do global e onde o peso no valor de transações é de 13%. No Alentejo e no Algarve as transações ascenderam a 12.227 e 14.563 unidades, respetivamente. E os volumes de investimento em casas representou 4,3% e 12,8% pela mesma ordem.
Na Região Autónoma dos Açores contabilizaram-se 2.723 transações, ou seja, 1,6% do total. E a Região Autónoma da Madeira representou 2,2% do número total das transações. No que diz respeito ao valor de transações, o capital alocado aos Açores pesou 1,2% e o aplicado nas casas da Madeira representou uma fatia de 2,2%.
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