Mistério e aventura. Vivien Afonso e Gonçalo Rodrigues são namorados e tiram, mascarados, fotografias a edifícios abandonados.
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A arte de fotografar edifícios abandonados
Créditos: Vivien Afonso e Gonçalo Rodrigues

Vivien Afonso tem 24 anos e é assistente dentária. Gonçalo Rodrigues, de 23, tem uma empresa de transportes. São namorados – anunciaram, recentemente, que vão viver juntos – e… apaixonados pelo mundo da fotografia. E também pela adrenalina e pelo mistério de explorar edifícios abandonados em Portugal e de descobrir alguns dos segredos que estes escondem. E fazem-no de uma forma bem peculiar: mascarados. “A ideia surgiu apenas por graça, dando assim um estilo diferente às fotos, um estilo mais sombrio. Ficou basicamente a nossa ‘imagem de marca’”, diz Vivien ao idealista/news, revelando que é “na zona Norte do país que se encontram mais” imóveis vazios, sem vida. 

Este casal de mascarados já pousou para a foto em vários tipos de edifícios abandonados, como por exemplo escolas, morgues, discotecas, igrejas, aviões… “É uma lista sem fim”, revela Vivien, na entrevista que dá por escrito ao idealista/news e que pode ser lida em baixo na íntegra. 

O trabalho de Vivien e Gonçalo, as fotografias que tiram e publicam nas redes sociais, pode ser visto nas suas respetivas páginas de Instagram: aqui e aqui

Fotógrafos de edifícios abandonados
Créditos: Vivien Afonso e Gonçalo Rodrigues

A Vivien e o Gonçalo têm um projeto em comum no qual exploram e fotografam lugares abandonados em Portugal, certo? Fale-nos um pouco sobre este projeto. 

Certo, este projeto começou há um ano. A nossa primeira exploração foi num local conhecido como Palácio da Disney [em Sintra]. Foi em maio que começámos a ganhar o "bichinho" de fotografar em lugares abandonados.

A Vivien e o Gonçalo são um casal, correto? Quando se conheceram e há quanto tempo estão juntos

Sim, já namoramos há nove anos. Conhecemo-nos através do Facebook, nessa altura ainda andávamos na escola. Eu tinha 15 anos e ele 14.

A paixão pela fotografia é algo que partilham desde sempre? 

Quem começou a gostar mais de fotografia foi o Gonçalo. No 10° ano foi para o curso de multimédia, o que lhe fez despertar o interesse por fotografia.

Mais tarde, ambos tirámos a carta de condução e começámos a fotografar de norte a sul do país monumentos, cascatas, os baloiços mais conhecidos. A partir daí comecei também eu a gostar mais de fotografia.

Tiram os dois as fotografias aos edifícios abandonados?

Sim, sendo que eu gosto sempre de tentar descobrir a história por detrás de cada local. Os nossos seguidores adoram isso. Às vezes tenho sorte, outras vezes não.

Casal de mascarados tira fotografias a edifícios abandonados
Créditos: Vivien Afonso e Gonçalo Rodrigues

Sendo este um projeto que têm em comum, presumo que tenham as vossas próprias profissões?

O Gonçalo tem uma empresa de transportes e eu sou assistente dentária numa clínica.

Quantos imóveis/edifícios abandonados já fotografaram em Portugal? Encontram-se sobretudo em que zonas do país?

Já perdemos a conta, sinceramente (risos). Mas assim por alto já passa de uma centena de lugares. Existem edifícios abandonados um pouco por todo o país, mas na zona Norte é onde se encontram mais. 

São imóveis que além de estarem abandonados estão também em ruínas e/ou devolutos?

Já encontrámos edifícios em ambas as situações, alguns completamente intactos, outros já devolutos e outros já mesmo em ruínas.

Que tipo de imóveis são? Antigas casas/apartamentos, fábricas/armazéns, escritórios…

Por incrível que pareça, já encontrámos de tudo um pouco. Casas, vivendas, escolas, fábricas, hotéis, morgues, discotecas, igrejas/capelas, carros, barcos, comboios, aviões... É uma lista sem fim [risos].

As histórias que contam as casas abandonadas
Créditos: Vivien Afonso e Gonçalo Rodrigues

É preciso algum tipo de procedimento/autorização para realizar estas fotografias? E que cuidados têm quando entram nestes imóveis para os fotografarem? Há imóveis em que, presumo, não entram, por motivos de segurança. 

Já entrámos em certos lugares que tivemos autorização, em outros, quando vemos que estão mesmo abandonados e reparamos que tem alguma porta ou janela aberta, também entramos.
Certos lugares conseguem estar tão degradados que temos de ter sempre muito cuidado com o local que pisamos, visto que o chão pode ceder. Por vezes nem sequer arriscamos.

Como é que descobrem estes imóveis? Por iniciativa própria ou alguém vos vai avisando, por exemplo, que há determinado imóvel que podia ser interessante ser explorado?

Basicamente é 50/50. Descobrimos muitas coisas através da internet e do Google Maps. E claro, explorando também com outras pessoas que fazem o mesmo que nós.

Acreditam, tendo em conta a vossa experiência, que ainda haverá muitos edifícios abandonados por explorar em Portugal? Se sim, em que zonas em concreto?

Sim, infelizmente existe bastantes edifícios nessa situação. Muitos o Estado não tem interesse em restaurar, outros os herdeiros não têm poses, outros acabam por falecer acabando mesmo por ficar em completo abandono. Acreditamos que grande parte dos locais abandonados ficam no Norte de Portugal, em aldeias, longe dos amigos do alheio.

Os segredos de fotografar casas abandonadas
Créditos: Vivien Afonso e Gonçalo Rodrigues

É possível ver nas fotografias que usam, por vezes, máscaras. Porque o fazem? Como surgiu essa ideia?

A ideia surgiu apenas por graça, dando assim um estilo diferente às fotos, um estilo mais sombrio. Ficou basicamente a nossa "imagem de marca".

Em causa estão imóveis que, pelo menos alguns, estarão repletos de história e contarão muitas histórias. Conseguem perceber isso mesmo quando os visitam? Pode dar-nos alguns exemplos?

Sim, conseguimos, acontece em muitos locais que exploramos lermos cartas, postais, diários, fichas da escola… E através do que está escrito tentarmos imaginar como aquela família ali vivia. Por vezes conseguimos descobrir no que trabalhavam. Também já encontrámos várias fichas escolares, que falavam do comportamento e do desempenho escolar das crianças na altura.

Os mistérios que escondem os edifídios abandonados
Créditos: Vivien Afonso e Gonçalo Rodrigues

Usam as redes para mostrar o vosso trabalho. Que importância têm estes canais? Têm ou vão ter alguma conta conjunta?

A rede social onde partilhamos mais as nossas explorações é o Instagram. Cada um tem a sua conta e partilhamos lá as nossas fotografias, individuais ou em conjunto. Também publicamos alguns vídeos (reels) das nossas explorações. Conta em conjunto temos uma no TikTok, onde partilhamos mais os nossos vídeos das explorações.

Há algum momento especial, alguma curiosidade em particular, que queiram partilhar relativamente a um imóvel que tenham explorado e fotografado?

Vou contar um episódio curioso que aconteceu num lugar abandonado, que consta que esteja assombrado: estávamos a subir para o primeiro piso quando começámos a ouvir vários barulhos estranhos. Descemos novamente para a entrada do edifício, um antigo hotel, para ver se víamos alguém. Mas ninguém saiu. Olhámos para uma das janelas e vimos um vulto. Esperámos mais uns minutos e nada. Mais tarde fizemos uma pequena pesquisa sobre o hotel e vimos que havia relatos de alguns acontecimentos estranhos na altura em que o hotel estava em funcionamento. Inclusive um dos funcionários já deu uma entrevista a contar alguns acontecimentos que vivenciou.

Vivien Afonso e Gonçalo Rodrigues fotografam edifícios abandonados
Créditos: Vivien Afonso e Gonçalo Rodrigues
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