Apesar da instabilidade internacional, crise na habitação e eleições legislativas à vista, especialistas mantêm um otimismo moderado.
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Foto de LinkedIn Sales Solutions no Unsplash

O que o futuro trará para o imobiliário ninguém sabe, mas os players do setor arriscam algumas previsões para 2024. Afastam o cenário de quebra abrupta no mercado português, apesar de o problema da falta de oferta continuar por resolver – sendo essa, de resto, uma das grandes limitações atuais e que (também) contribuiu para a crise no setor da habitação que o país atravessa. Apesar disso, mantêm um otimismo moderado, acreditando que é possível retomar a estabilidade e crescimento.

“2024 e agora?” foi o mote da primeira conferência online promovida pela Associação de Antigos Alunos da Escola Superior de Atividades Imobiliárias (AAAESAI) na passada quarta-feira, 10 de janeiro de 2024, que contou com a participação de vários players de referência no setor para discutir o presente e futuro do imobiliário, traçando perspetivas para o ano que se avizinha, sem esquecer os desafios: desde a promoção e desenvolvimento de projetos; avaliação; até à mediação imobiliária.

Patrícia Barão, diretora nacional da JLL, vice-presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP) e fundadora da WIRE Portugal (Women in Real Estate), considera que “há uma confiança positiva, principalmente nas grandes cidades.” A responsável apontou a falta de oferta como uma limitação no mercado e, como principais entraves, as dificuldades de licenciamento. Apesar disso, acredita que “Portugal vai continuar a ser um país muito atrativo para o investimento estrangeiro”.

“Não é provável que os juros voltem a taxas zero”

Para Massimo Forte, Real Estate Influencer, autor dos principais best-sellers de mediação imobiliária em Portugal, professor no INDEG e na ESAI e membro fundador da AAAESAI, diz que “não é provável que os juros voltem a taxas zero” e que a dificuldade no crédito pode ter como consequência o aumento significativo de tempo na concretização dos negócios. Relembra que o mediador não tem ordenado e que isso é um fator-chave. Quando mercado retrai, salienta, muitas empresas de mediação e agentes não sobrevivem, principalmente se se dedicam ao segmento médio e baixo.

José Covas, fundador e CEO Iniciativability, Presidente do Advisory Board do RICS Portugal, membro de diversas organizações nacionais e internacionais e Professor de Avaliação Imobiliária no ISEG, na UCP, no INDEG e na ESAI, sublinha “a procura acima da oferta, não sendo previsível que os preços vão baixar.” “É, no entanto, necessário gerir as expectativas, já que nos últimos anos as subidas de preços não foram razoáveis”, refere. O responsável considera que os clientes estão mais ponderados e que o crédito, com a subida das taxas de juro, estará menos disponível. Além disso, os novos padrões aprovados internacionalmente apontam para que a avaliação apresente um valor mais sustentável no tempo, o que pode vir a ter consequências no mercado.

Relativamente ao papel e importância da gestão de imóveis e se é semelhante o comportamento no mercado comercial institucional e no da habitação, Ondina Melo, CEO do Grupo PSC e especialista na matéria, salienta que vê a atividade nesta área essencialmente como “uma oportunidade de valorizar o imóvel”.  Segundo o especialista, o comportamento do mercado institucional e de habitação é bastante diferente, já que o primeiro decide mais facilmente e tem liquidez financeira, enquanto no segundo, em que normalmente há vários condóminos com pouca disponibilidade financeira, é mais difícil tanto a decisão, como a concretização de reparações e obras.

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