
O acesso à habitação é hoje um problema em Portugal, sobretudo, para os mais jovens, devido aos altos preços das casas, baixos salários, instabilidade laboral e alto custo de vida, que tornam difícil conseguir ter poupanças. Foi neste contexto que surgiu a isenção de IMT e Imposto de Selo na compra de casas por jovens até aos 35 anos, uma medida do Governo da AD, que já está a fazer furor no mercado. Mas encontrar uma casa até 316 mil euros para ter isenção total de impostos pode não ser tarefa fácil nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, ainda que reúnam 37% da oferta nacional, revelam os dados do idealista/data agora analisados a pente fino.
A isenção de Imposto Municipal sobre Transações (IMT) e Imposto de Selo (IS) para jovens até aos 35 anos que comprem a sua primeira habitação entrou em vigor há pouco mais de um mês e já está a mexer com as suas poupanças. Isto porque quase 900 jovens já recorrem a este apoio economizando milhares de euros, segundo revelou na semana passada Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude e Modernização.
A expetativa do Governo e do mercado é que o número de jovens beneficiários deverá aumentar – e muito – com o passar dos meses. Há quem já tenha o processo de compra de casa em curso, e contratado o seu crédito habitação. Mas muitos são os jovens que decidiram dar o passo de adquirir a sua primeira habitação só depois de a medida ter sido lançada, estando agora à procura de casa.
As famílias jovens que pretendem viver na Grande Lisboa ou no Grande Porto têm mais de 60 mil imóveis disponíveis no mercado que contam com isenção total ou parcial do IMT e IS, de acordo com os dados do idealista/data relativos aos últimos três meses terminados a 18 de setembro:
- Grande Lisboa (18 municípios): há 30.951 casas à venda com preços até 633 mil euros. Deste total, cerca de 13 mil imóveis custam até 316.772 euros, o limite para ter a isenção total dos impostos. E há ainda 17.752 habitações com preços entre 316.772 e 633.453 euros, que contam com desconto de IMT e IS;
- Grande Porto (17 municípios): contam-se 29.490 habitações que possuem algum tipo de alívio de carga fiscal. Destas, 14.667 imóveis custam até 316 mil euros, beneficiando os jovens que as comprarem de uma poupança total de IMT e IS. Há também 14.823 casas no mercado entre 316 mil e 633 mil euros, que possuem isenção parcial destes impostos.
Estes dados mostram, desde logo, que há mais casas à venda até 316 mil euros no Grande Porto do que na Área Metropolitana de Lisboa (+1.468 imóveis), o que significa que os jovens têm mais habitações à escolha na metrópole da Invicta para beneficiar da isenção total do IMT e IS.
O que também revelam é que, tanto na Grande Lisboa como no Grande Porto, há um aumento da oferta de casas que custam entre 316 mil e 633 mil euros, o intervalo de preços em que existe apenas uma isenção parcial de IMT e IS (só a componente até aos 316 mil euros fica isenta de impostos, sendo que a restante paga os respetivos impostos). Não é de surpreender, uma vez que estes grandes centros urbanos são dos mais caros do país (a par do Algarve), com os preços elevados de Lisboa e do Porto a contagiar em alta o custo das casas à venda nos municípios periféricos.
Grande Lisboa: onde há mais casas para jovens isentas de IMT?

Os jovens que vivem na Grande Lisboa – ou pensam mudar-se para esta região – têm um leque superior a 13 mil casas até 316 mil euros, que podem escolher para terem isenção total do IMT e IS. É em Sintra que há maior número de habitações até esse limite de preço (2.136), seguida de Lisboa (1.809), Seixal (1.181) e Almada (1.015).
Os dados do idealista/data revelam ainda que 9 em cada 10 habitações até 316 mil euros na Grande Lisboa são casas usadas e em bom estado, sendo também em Sintra, Lisboa e no Seixal onde há mais oferta (é superior a 1.000 imóveis em cada município). Por outro lado, Alcochete, Cascais e Mafra é onde há menos casas usadas à venda até este preço.
Já encontrar casas novas até 316 mil euros na Grande Lisboa não será tarefa fácil. Há apenas 353 imóveis à venda neste período, com destaque para a capital (62), Palmela (48) e Seixal (45). Já em Odivelas e em Cascais não foi registada nenhuma habitação nova anunciada no portal imobiliário.
Quem tiver interesse em restaurar uma casa usada têm no mercado 967 imóveis na metrópole lisboeta, com o maior stock a concentrar-se em Lisboa (144), Sintra (120) e Setúbal (82) e o menor em Cascais (22) e Odivelas (25).
Olhando para as casas à venda na Grande Lisboa entre 316 mil euros e 633 mil euros – que têm isenção parcial de IMT e IS -, verifica-se que a oferta sobe para 17.752 imóveis. A maioria está localizada no município de Lisboa, Seixal, Almada e Cascais. O concelho da Moita é o que tem menor oferta – apenas 69 imóveis.
Embora haja aumento do patamar de preço, a maioria das casas para comprar na região lisboeta são usadas em bom estão (85% do total), com a oferta a concentrar-se nos municípios de Lisboa (4.292), Seixal (1.911) e Almada (1.230). Mas há mais casas novas à venda (2.229) face ao stock de habitações até 316 mil euros (353) - e é em Lisboa, Almada e em Loures onde há mais. Já o número de casas usadas para restaurar desce neste intervalo de preços para 409 imóveis. E é na capital, em Cascais e em Sintra onde a oferta é maior.
Grande Porto: em que concelhos há maior oferta de habitação até 316 mil euros?

Os 17 concelhos que compõem a Área Metropolitana do Porto reúnem 14.667 casas à venda até 316 mil euros. A amostra do idealista/data revela, assim, que a oferta de casas que os jovens podem comprar para beneficiar da isenção total do IMT e IS é maior no Grande Porto do que na Grande Lisboa (+1.468 imóveis).
É em Vila Nova de Gaia, na outra margem do rio Douro, onde há mais habitações para comprar até 316 mil euros – contam-se 3.701 imóveis. Logo a seguir está o Porto (3.192), Matosinhos (1.503) e Gondomar (1.368). Por outro lado, Arouca e Vale de Cambra são os concelhos onde há menos casas até esse limite de preço (stock é inferior a 100 imóveis).
As casas usadas em bom estado dominam a oferta no Grande Porto – à semelhança da região lisboeta -, contabilizando-se um total de 11.527 habitações deste tipo nos últimos três meses terminados a 18 de setembro (79% do total). É em Vila Nova de Gaia, no Porto, em Gondomar e em Matosinhos que se concentra a maioria destas casas usadas em bom estado.
O que os dados também mostram é que há mais casas novas à venda até 316 mil euros no Grande Porto (2.035) do que na metrópole de Lisboa (353). Uma vez mais, Gaia, Porto e Matosinhos reúnem a maior oferta de casas novas para comprar até esse valor. Já na Trofa, Arouca e em Santo Tirso há menos de cinco imóveis disponíveis para comprar.
Os jovens que queiram comprar a sua primeira casa para restaurar vão encontrar no Grande Porto 1.105 imóveis com preços que cumprem o limite para ter isenção de IMT e IS. E é em Gaia, no Porto e em Gondomar onde há mais. Já em Vale de Cambra não foi contabilizado nenhum imóvel deste tipo no mercado.
Quem tem capacidade para comprar casa entre 316 mil e 633 mil euros encontra 14.823 imóveis no Grande Porto. Este número é ligeiramente superior ao stock de habitações até 316 mil euros disponível na metrópole da Invicta (+156 ativos), mas inferior à oferta de casas na Grande Lisboa no mesmo patamar de preços (menos 3 mil imóveis).
O concelho do Grande Porto que tem maior número de casas neste intervalo de preços superior - no qual os jovens podem ter isenção parcial de IMT e IS – é mesmo a Invicta com 4.789 imóveis. Em segundo lugar está Gaia (3.648) e em terceiro Matosinhos (1.468). Em Vale de Cabra a oferta é escassa, de apenas nove habitações.
À semelhança do que se verificou a Área Metropolitana de Lisboa, a maioria das casas à venda no Grande Porto entre 316 mil e 633 mil euros são usadas e em bom estado (77% do total). E é no Porto (3.599), Gaia (2.568) e em Matosinhos (1.178) onde há mais. Também há maior oferta de casas novas (3.018) do que no patamar de preços inferior (2.035), com a maioria da oferta a concentrar-se no Porto e em Gaia. E observou-se ainda uma redução de casas usadas para restaurar neste patamar de preços (353 imóveis) face ao anterior de até 316 mil euros (1.105). Uma vez mais, é no Porto e em Gaia onde há mais casas para requalificar.
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