Com o final do ano a aproximar-se, os bancos a operar em Portugal estão a intensificar os esforços de limpeza dos seus balanços, nomeadamente através da venda de carteiras de crédito malparado e ativos imobiliários, avaliados num total próximo de 300 milhões de euros.
Segundo o ECO, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) está entre as instituições que decidiram avançar com novas alienações, tendo colocado à venda uma carteira de empréstimos não produtivos (NPL) com um valor contabilístico bruto próximo dos 100 milhões de euros. Trata-se de um conjunto de exposições unsecured – sem garantias associadas – o que significa que o valor recuperável será inferior ao montante em balanço. A publicação acrescenta ainda que há outra carteira de NPL, no valor de 170 milhões de euros, também no mercado, embora não tenha sido possível identificar o banco de origem.
Além das operações sobre crédito malparado, o ECO destaca ainda a entrada do BBVA neste processo, com a colocação à venda de uma carteira de imóveis avaliada em cerca de 20 milhões de euros. O portefólio inclui quase quatro dezenas de ativos, maioritariamente terrenos distribuídos por várias regiões do país, reforçando o movimento de desinvestimento em ativos não estratégicos por parte das instituições financeiras.
A estratégia de redução de crédito malparado, fomentada pelos bancos centrais depois do colapso financeiro internacional de 2008, tem dado resultados expressivos. Há dez anos, o rácio de NPL atingia 17,5% do total de crédito concedido, no auge da crise bancária portuguesa. Em junho deste ano, esse valor caiu para apenas 2,3%, uma descida superior a 15 pontos percentuais.
A agência de notação Morningstar DBRS, elogiou os progressos alcançados, sublinhando que a melhoria da qualidade dos balanços tem reforçado a confiança dos supervisores e permitido um alívio nas exigências de capital impostas aos bancos.
Apesar dos avanços, os analistas alertam que há ainda margem para convergência com o setor bancário europeu. O requisito médio de capital de Pilar 2 dos principais bancos nacionais desceu de 2,38% para 2,29% nos últimos três anos, um sinal positivo de estabilidade e de resiliência. Ainda assim, o caminho para uma banca totalmente livre de ativos problemáticos continua em curso – e o fecho de 2025 deverá marcar mais um passo decisivo nessa direção.
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