O governador do Banco de Portugal disse esta quinta-feira, dia 23 de outubro de 2025, que é preciso cautela com a inteligência artificial usada nas avaliações de créditos, pois pode excluir camadas da população e que os bancos devem responsabilizar-se pelo uso desses algoritmos.
Álvaro Santos Pereira dedicou a sua intervenção de abertura no 10.º Fórum para a Supervisão Comportamental Bancária, sobretudo ao tema da transformação digital e aos benefícios, mas também riscos que acarreta.
Um dos riscos elencados foi o da exclusão de camadas da população do acesso ao crédito por programas informáticos de inteligência artificial que avaliam o risco de incumprimento de um cliente quando este pede um empréstimo.
"E, cada vez mais, também importa atender aos clientes que podem vir a ser excluídos por enviesamentos nos algoritmos utilizados na avaliação do risco de crédito", disse Álvaro Santos Pereira.
Para o governador, que tomou posse este mês (substituindo Mário Centeno), "os modelos de avaliação baseados em inteligência artificial não podem ser caixas negras", sendo essencial que os bancos "se responsabilizem pelo adequado funcionamento dos algoritmos, monitorizem permanentemente os seus resultados e garantam a possibilidade de verificação pelo supervisor".
Segundo Álvaro Santos Pereira, a transformação digital, o modo como os consumidores acedem a produtos e serviços bancários, a que acresce o uso da inteligência artificial pelos bancos, tem mudado, o que considerou que tem benefícios - como personalização dos produtos e inclusão e acessibilidade -, mas também riscos.
Ainda na mesma intervenção, o economista afirmou que os bancos devem "colocar o cliente no centro das suas preocupações, concebendo e comercializando produtos e serviços com um verdadeiro compromisso com os seus interesses" e continuar a ter cuidado com o sobrendividamento.
Para isso, disse, é fundamental os bancos garantirem a capacidade financeira dos clientes a quem concedem crédito, assim como o cumprimento das recomendações macroprudenciais.
Quanto ao papel do Banco de Portugal, disse que a atuação deve ser mais preventiva do que reativa, considerando que, para isso, ajuda um quadro regulamentar mais simples.
Já recentemente, Santos Pereira falou da necessidade de simplificar a regulação bancária.
O governador falou ainda da fraude financeira e digital, que está cada vez mais sofisticada, defendendo que autoridades nacionais e europeias juntem esforços e criem "uma campanha abrangente" contra este crime. Defendeu ainda mais formação para clientes bancários saberem reagir a esquemas de fraude.
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