
A Dinamarca admite vir a intervir no mercado de arrendamento para impedir a escalada dos preços das rendas, que se está a assistir devido à alta inflação. O objetivo será aplicar um limite temporário e que visa travar aumentos superiores a 4%. Caso decida avançar, o país nórdico junta-se a outras economias europeias que já decidiram aplicar medidas no mesmo sentido, como Espanha e França. Em Portugal o Governo já se mostrou preocupado, mas nunca se comprometeu publicamente em nenhum sentido.
A estratégia que está agora a ser considerada pela Dinamarca foi explicado pela primeira-ministra, Mette Frederiksen, numa entrevista concedida à TV2 e citada pela Bloomberg em que a governante dinamarquesa insistiu que o objetivo de limitar as rendas será travar a forte subida que as rendas estão a sofrer devido à inflação.
O IPC - Índice de Preços no Consumidor na Dinamarca está atualmente acima de 8%, em máximos desde a década de 1980. Segundo a líder do Governo, o país encontra-se numa "situação extraordinária", em que os dinamarqueses estão sob grande pressão económica devido à inflação recorde. "Muitos dinamarqueses estão numa situação muito difícil", tal como reconheceu a própria.
Estima-se que entre 160.000 e 180.000 famílias possam ter problemas para pagar a renda da casa, principalmente estudantes e famílias de menores rendimentos.
A proposta de Frederiksen e do Partido Social Democrata que quer negociar em breve com as demais formações políticas baseia-se em estabelecer um limite de dois anos para que os preços do arrendamento no mercado residencial privado não possam subir mais de 4%. E chega em plena perda de popularidade do Executivo dinamarquês.
Dupla inflação no preço das rendas faz Dinamarca considerar mudança estrutural no mercado
Tendo desfrutado de forte apoio durante a pandemia da Covid-19, da qual a Dinamarca saiu melhor do que outros países vizinhos, a oposição está a ganhar terreno nas sondagens e pode forçar novas eleições. A legislatura termina oficialmente em junho de 2023, embora um partido do bloco de governação tenha já ameaçado retirar o seu apoio se o cenário de reeleição não apareça nas sondagens neste outono.
Além de colocar na mesa um limite temporário no aumento das rendas, a primeira-ministra deu a entender que o governo de coligação pode mesmo vir a promover uma mudança no funcionamento do mercado de arrendamento na Dinamarca, a longo prazo. Especificamente, classificou como injusto que o IPC seja utilizado para calcular reajustes no preço das rendas de habitação, uma vez que o índice inclui o aumento dos preços dos alimentos e, portanto, é um modelo que na prática pune os inquilinos com "inflação dupla".
E é por isto, diz Mette Frederiksen, que o Executivo dinamarquês está a considerar a introdução de um índice diferente para regular as rendas. "Vamos ver se é razoável ter em conta o aumento dos preços dos alimentos na hora de fixar a renda. Porque não tem nada a ver com a renda", concluiu.
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