
A China adotou novas regras destinadas a alargar o acesso das construtoras de imóveis a empréstimos bancários comerciais, numa altura em que Pequim redobra esforços para pôr termo a uma crise prolongada no setor imobiliário.
As políticas vão permitir que as empresas imobiliárias utilizem empréstimos bancários garantidos por imóveis comerciais, como escritórios e centros comerciais, para reembolsar outros empréstimos e obrigações e para cobrir despesas de funcionamento.
As medidas foram anunciadas pelo Banco Popular da China (banco central), pela Administração de Regulação Financeira e pelo Ministério das Finanças chineses.
Esta semana, Pequim tentou estabilizar os mercados financeiros em dificuldades e impulsionar a economia, libertando mais dinheiro para empréstimos, incluindo através da redução das reservas bancárias obrigatórias.

A vaga de novas medidas e as declarações de altos responsáveis do Partido Comunista Chinês sobre a necessidade de estabilizar os mercados financeiros e de reforçar a confiança na economia, a segunda maior do mundo, parecem refletir uma determinação renovada em relançar o crescimento.
Dezenas de construtoras imobiliárias entraram em incumprimento, depois de o governo ter travado os empréstimos excessivos, visando desalavancar o setor.
O colapso da Evergrande é o caso mais emblemático desta crise, que tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exíguo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas, ou cerca de 70%, de acordo com diferentes estimativas.
Novas regras para combater crise no imobiliário
Mediante as novas regras, os empréstimos bancários não podem ser utilizados para comprar imóveis comerciais ou habitações para arrendamento, nem para iniciar novas construções ou comprar terrenos. Os empréstimos não podem exceder 70% do valor de avaliação do imóvel utilizado como garantia e devem, em geral, ter uma duração máxima de 10 anos, com um limite absoluto de 15 anos.
Os bancos são obrigados a efetuar todas as diligências necessárias antes e depois da concessão dos empréstimos, para reduzir e minimizar os riscos. Não é claro qual o impacto que as novas regras poderão ter na crise que afeta o mercado imobiliário.

A venda de terrenos tem sido, desde há muito, uma importante fonte de receitas para as autarquias locais, que agora se debatem com dívidas crescentes. Ao mesmo tempo, a paralisação da construção de novas casas afetou os empreiteiros e os fornecedores de materiais de construção e de mobiliário para casa.
Num relatório, economistas do banco suíço UBS afirmaram que "o ritmo e a dimensão potencial desses empréstimos permanecem incertos, uma vez que os bancos vão provavelmente observar a viabilidade comercial e os riscos desses empréstimos”, acrescentando que a medida constitui um "passo significativo" para aumentar o apoio prestado às construtoras.
As vendas de casas novas e os preços da habitação têm vindo a cair, o que se reflete na debilidade do consumo das famílias, face à queda da confiança.
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