
A economia dos EUA continua robusta e a inflação tem vindo a cair. Todos estes fatores deixam a Reserva Federal (Fed) confortável em voltar a reduzir a taxa de juro de referência, embora com cautela. A garantia foi dada pelo presidente do banco central norte-americano Jerome Powell, assumindo que a Fed é livre para definir as taxas de juro sem interferência da política de Donald Trump.
O contexto económico dos EUA tem-se mostrado favorável a uma nova descida das taxas de juro pela Fed. Por um lado, a atividade económica no país aumentou ligeiramente e as expectativas de crescimento subiram. Além disso, os níveis de emprego ficaram estáveis ou aumentaram apenas ligeiramente em todos os distritos. E, por outro lado, os preços têm subido a um ritmo modesto em todas as regiões do país, com maior dificuldade em transferir os custos para os clientes, o que se reflete no facto de os preços da produção terem aumentado mais rapidamente do que os preços de venda.
A expectativa da Fed é que o atual ritmo de crescimento dos preços persista –a inflação em outubro foi de 2,3% a um ano. Mas existe uma preocupação por parte da comunidade empresarial sobre os possíveis efeitos das tarifas aduaneiras de 25% anunciadas por Donald Trump para o Canadá e o México – dois dos principais parceiros comerciais do país -, na recuperação da inflação por via do aumento dos preços dos produtos importados.
"As empresas em diversas regiões indicaram que as tarifas representam um risco ascendente significativo para a inflação", destacou esta quarta-feira (dia 4 de dezembro) o banco central norte-americano no seu Livro Bege, um inquérito a responsáveis represarias realizado entre finais de outubro e meados de novembro.

Fed quer continuar independente da política de Trump
Depois de o novo presidente dos EUA ter criticado publicamente a Fed e o seu presidente na conferência DealBook do New York Times, Jerome Powell reagiu garantindo que a capacidade do banco central definir taxas de juro é livre de interferência política. E isso é preciso para tomar decisões que sirvam “todos os americanos” e não um partido político ou um resultado, acrescentou.
“Devemos alcançar o máximo de emprego e estabilidade de preços para o benefício de todos os americanos e manter-nos completamente fora da política”, defendeu Powell.
O presidente da Fed sinalizou ainda que está confiante no apoio generalizado do Congresso à manutenção da independência do banco central. “Não estou preocupado que haja algum risco de perdermos a nossa independência estatutária”, reiterou o responsável.
Recorde-se que durante a sua campanha eleitoral, o republicano Trump disse que os presidentes dos EUA deveriam ter voz sobre as decisões tomadas pela Fed, dando a entender que tinha interesse em tocar na independência do banco central. Aliás, disse mesmo que queria ser consultado sobre decisões de taxas de juro, e as propostas de regulamentação bancária do Fed deveriam estar sujeitas à revisão da Casa Branca.
Sobre o futuro das taxas de juro, Powell disse que a Fed pode dar-se ao luxo de reduzir a taxa de referência com cautela, porque a economia continua robusta e a inflação tem vindo a cair desde o pico de há dois anos. A próxima reunião de política monetária realiza-se no próximo dia 18 de dezembro, onde deverá haver novo corte das taxas, as quais estão atualmente entre 4,5%–4,75%.
Mas se a inflação subir em 2025 devido às políticas aduaneiras de Trump, a Fed dos EUA terá de tomar medidas de política monetária para voltar a travar o seu aumento. É precisamente isso que o novo presidente dos EUA não quer, uma vez que pretende fazer pressão para baixar os juros de forma a dinamizar o mercado acionista.
*Com Lusa
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