Os últimos dados, referentes a junho, confirmam que o número de casas para arrendar colocadas no mercado no Reino Unido caiu 21 pontos percentuais.
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Casas em Londres
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Muitos proprietários britânicos estão a abandonar o mercado de arrendamento, segundo o mais recente inquérito da RICS. Os dados de junho mostram que o número de casas para arrendar colocadas no mercado no Reino Unido caiu 21 pontos percentuais — uma das descidas mais acentuadas dos últimos anos e o 11.º mês consecutivo de quedas generalizadas. 

A incerteza à volta das iminentes alterações à lei britânica do arrendamento urbano está a levar muitos proprietários a transferirem os seus imóveis para o mercado de compra e venda.

"Os proprietários continuam a sair do setor”, observa a Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS). Apesar de o valor de junho ser melhor que o de maio (-34 p.p.), a tendência negativa mantém-se desde agosto de 2022, com quedas mensais de dois dígitos. Este recuo contínuo na oferta de imóveis para arrendar aumenta as previsões de subida dos preços das rendas nos próximos meses, alertam os especialistas.

Paralelamente, dados do Banco de Inglaterra mostram que apenas 8% dos empréstimos foram destinados a imóveis para arrendamento — menos 0,3 p.p. que no ano anterior e um dos valores mais baixos de sempre.

Stan Shaw, diretor da agência imobiliária Mervyn Smith, no Surrey, confirma: “A tendência de abandono por parte dos proprietários mantém-se, e há pouquíssimos novos investidores. O mercado continua inflacionado e competitivo, mas devido à escassez de oferta, e não a um aumento da procura”.

Um quarto dos inquiridos pela RICS prevê subidas nas rendas nos próximos três meses, embora esta percentagem tenha recuado face aos 43% do mês anterior. Muitos agentes imobiliários apontam o projeto de lei sobre os direitos dos inquilinos — que pretende abolir os “despejos sem justa causa” e reforçar as proteções — como uma das maiores preocupações dos proprietários.

Adam Parkinson, da Countrywide Surveyors, no Yorkshire, explica que vários proprietários de longa data decidiram vender, receando alterações legislativas e, em especial, dificuldades para despejar inquilinos problemáticos.

Além da pressão regulatória, os proprietários enfrentam o aumento dos custos dos empréstimos e a eliminação progressiva de benefícios fiscais desde 2020. A tributação também subiu, com o aumento do imposto de selo para segundas habitações em 2016 e novas alterações previstas para 2025. Alguns economistas antecipam que, já este outono, o Tesouro possa alargar as contribuições para a segurança social aos proprietários, para colmatar um potencial défice nas contas públicas.

Os inquilinos também estão sob pressão há três anos devido aumento dos preços da habitação. Em maio, as rendas subiram 7% em termos anuais, após o aumento histórico de 9,1% registado em março de 2024.

Mercado imobiliário mostra sinais de estabilidade

O inquérito da RICS revela um otimismo crescente nas expectativas de vendas, com os pedidos de compra e os contratos a deixarem de cair, sinalizando que o mercado imobiliário, no geral, está a estabilizar. O indicador dos preços das casas registou uma ligeira descida em junho, igual à de maio.

Embora se preveja um recuo nos preços nos próximos três meses, 24% dos inquiridos acreditam que haverá aumentos no próximo ano. Para Tarrant Parsons, diretor de pesquisa de mercado da RICS, a volatilidade anterior, causada pelo aumento das transações antes da alteração ao imposto de selo em abril, “parece ter-se dissipado”, com o mercado a entrar “numa fase mais estável, em que a procura dá sinais de recuperação”.

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