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O fim de uma era de ouro? Imobiliário em Angola à beira do abismo devido à crise do petróleo
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O negócio imobiliário foi nos últimos anos a principal fonte de rendimento em Angola para a classe média/alta, depois do petróleo e dos diamantes. Mas a crise do "ouro negro", que está a devassar o país africano nos últimos tempos, está a ter impactos reais nas vendas e arrendamentos de imóveis. E está também a destruir emprego na construção, afetando milhares de trabalhadores.

O Expresso conta, numa reportagem do seu correspondente em Luanda, que "tudo estava assente num carrossel de betão armado que acabou por promover uma perigosa política de exclusão social com a importação, do Brasil, do seu modelo de condomínios fechados".  

E, com a eclosão da descida abrupta do preço do petróleo e da crise que desencadeou na economia angolana, "a bonança arrefeceu e agora está a dar lugar ao pesadelo", descreve ainda o semanário português.

A renda de uma vivenda num bairro como Miramar ou Alvalade - adquirida ao Estado por pouco mais de 2 mil dólares depois dos antigos proprietários portugueses terem abandonado o país - equivalia a um encaixe de 30 a 40 mil dólares por mês é um dos exemplos apontados pelo jornal.  

Clientes internacionais preferem arrendar do que comprar e agora só aceitam pagar metade

As embaixadas, as ONG e as empresas ligadas ao setor diamantífero figuravam entre os principais clientes da nova burguesia local. Mas as companhias petrolíferas, segundo diz o Expresso, apresentaram sempre, de longe, os preços mais apetecíveis. Nalguns casos, chegavam a oferecer por um apartamento novo na baixa de Luanda ou nas Torres Dipanda, cerca de 18 mil dólares por mês.  
 
Mas "aquilo que se arrendava no passado por 8 a 10 mil dólares, hoje o mercado, na maioria dos casos, oferece menos do que metade", disse ao Expresso, Horácio Joaquim, proprietário de cinco apartamentos na zona de Talatona.  
 
O futuro dos hotéis, que cobram diárias de 500 dólares mas oferecem um serviço de segunda, também nunca esteve, como agora, tão sombrio e os juros à habitação dispararam, nalguns bancos, dos 10 a 12% para os atuais 18%.

Desaparece emprego na construção

E mais de 7.000 angolanos já perderam o emprego este ano, sobretudo na construção civil, devido à crise financeira e económica que o país atravessa.

De acordo com números transmitidos à agência Lusa pelo secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS), o setor da construção civil é que mais sente a falta de recursos financeiros no Estado, devido à quebra para metade das receitas fiscais com a exportação de petróleo, tendo perdido mais de 6.500 empregos este ano.
 
Números que, enfatiza Manuel Viage, se referem apenas à situação nas províncias de Luanda, Benguela, Cuanza Sul e Huíla, sendo a construção um setor que, segundo a estimativa da UNTA-CS, contava com mais de 60.000 trabalhadores, dos quais 20.000 sindicalizados.

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