
O presidente do Sindicato da Construção de Portugal revelou que estão a regressar por mês de Angola para Portugal 500 trabalhadores emigrantes do setor, antecipando um agravamento da situação dados os salários em atraso em “mais de 200” empresas portuguesas que ali operam.
“Só de trabalhadores ligados à construção estão, desde há cerca de três meses, a regressar de Angola 500 por mês e isto vai aumentar muito mais se não forem tomadas medidas”, disse Albano Ribeiro, em declarações à Lusa, salientando que “há muitos mais” portugueses a regressar oriundos de outros setores.
Sobre o relatório da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que avisa que a quebra de exportações para Angola e Brasil pode motivar o regresso de inúmeros trabalhadores de empresas portuguesas a Portugal, pressionando a Segurança Social e a recuperação económica, o responsável considerou que “não é nada de novo”. “Ainda hoje [31 de julho] pedimos uma audiência urgente com o secretário de Estado das Comunidades, porque há situações de até quatro salários em atraso em Angola e já há trabalhadores que nem lá nem aqui conseguem sobreviver”, exemplificou.
Segundo o sindicalista, muitos dos emigrantes que agora estão a vir de Angola para Portugal “vão ter de acabar por regressar outra vez, porque em Portugal não há trabalho e um operário qualificado ganha 545 euros”. “Lá ganha, no mínimo, 2.000 euros por mês”, adiantou.
Por outro lado, Albano Ribeiro, referiu que as obras que estavam em curso em Angola “vão ter de ser retomadas, porque são muitas pontes, autoestradas e habitações que foram destruídas na guerra, o que vai criar, ainda, muitos mais milhares de postos de trabalho”.
Para poder comentar deves entrar na tua conta