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As famílias com maiores rendimentos vão ser afinal ser das que mais vão beneficiar do chamado IMI familiar? Este é, pelo menos, um dos argumentos que está a ser lançado no centro da discussão das autarquias que têm de decidir até ao final de novembro próximo se adoptam ou não o desconto no imposto municipal sobre imóveis (até 10% para um filho, 15% para dois filhos e 20% para três filhos), previsto no Orçamento do Estado (OE) para entrar no próximo ano.

Algumas, como é o caso do Porto, começam a lançar mão do argumento de que a medida vai beneficiar as famílias de maiores rendimentos, escreve o Diário Económico, explicando que a ideia implícita é a de que os agregados com maior número de filhos se situam nas franjas da sociedade - os mais pobres e os mais ricos -, sendo que aqueles que têm menos rendimentos não têm casa própria (e logo não pagam IMI). Porém não há estatísticas que provem esta ideia. 

O presidente da comissão da reforma do IRS, Rui Duarte Morais, citado pelo jornal, admite que a questão se possa colocar, no entanto, para o fiscalista o problema está a montante. O IMI "não é um imposto para ter em conta a família e os rendimentos, esse é o lugar do IRS", afirma. "Não é desta forma que se resolve o problema", afirma. 

O presidente da Câmara do Porto,Rui Moreira, de acordo com o diário, levantou esta questão e usou o argumento para explicar o motivo pelo qual a autarquia não vai adoptar a medida.

Num artigo publicado no Correio da Manhã, o autarca explica que "em cidades como o Porto, a medida deixaria de fora a parte da população menos favorecida" e lembra que as famílias mais pobres vivem, muitas vezes, em bairros sociais e não pagam IMI. "Já quanto aos chamados ricos, que vivem em casas próprias em zonas mais valorizadas da cidade, contariam com um desconto total muito significativo, mesmo tendo apenas um dependente", explica ainda.

Em Lisboa, os dados que foram enviados pelo Ministério das Finanças aos serviços camarários estão a ser analisados. 

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