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A única casa de Raul Lino no Porto vai afinal ser conservada em novo projeto imobiliário
Moradia é um símbolo da arquitetura portuguesa do século XX. @Público

Depois de muita contestação e polémica à volta da demolição da única casa com a assinatura do arquiteto Raul Lino no Porto, os investidores do novo complexo habitacional vieram dar garantias de que, afinal, a moradia vai ser conservada, tal como reclamou a autarquia. Os donos do lote de terreno no gaveto da rua de Carlos Dubini com a de Ciríaco Cardoso dizem que têm um novo projeto, agora da autoria do arquiteto Jorge Ventura, que é completamente diferente do anterior.

Perante a intenção de indeferimento anunciada pelo vereador do Urbanismo da Câmara Municipal do Porto, Pedro Baganha, a FMO Business decidiu abdicar do anterior projeto, de um gabinete de arquitetura diferente, e fazer outro. A nova proposta a entregar à autarquia "reduz de seis para três o número de casas a erguer no terreno, onde se manterá, ainda, a moradia pré-existente que vai inspirar as novas construções, em termos de estilo", segundo explicou Alexandre Brandão, do departamento de projectos e obras da empresa ao Público.

Os esclarecimentos da FMO Business, acrescenta o jornal, foram dados após uma semana “complicada”, em que, tendo iniciado os trabalhos de limpeza do terreno na propriedade, em volta da casa, a empresa se viu sujeita a vigilância e alguma “intrusão” por parte de vizinhos, defensores do património e da própria Câmara Municipal.

Os investidores argumentam que foram apanhados de surpresa a empresa com o facto de a casa ser de Raul Lino, já depois de terem comprado o o terreno com o projeto anterior aprovado, do ponto de vista da arquitetura.

Dada a ausência de qualquer classificação protegendo o imóvel, num primeiro momento, os serviços do urbanismo deram como boa a proposta que previa a demolição da moradia dos anos 20, tal como recorda o diário.

A casa, projetada em 1930, foi descoberta em 2014 por Carla Garrido de Oliveira durante a elaboração da sua tese de doutoramento, dedicada à obra deste arquiteto.

O alerta público da autoria da moradia foi dado em fevereiro passado pela associação de defesa do património NDMALO – GE e do Forum Cidadania Porto, e levou a Divisão de Património do município a olhar para a casa, e a assunção da sua autoria, e da “raridade” da obra, no contexto portuense, fizeram com que, num novo parecer, os serviços do urbanismo propusessem o indeferimento do projecto proposto, precisa o Público.

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