A consultora imobiliária Cushman & Wakefield estima que o investimento no setor em Portugal este ano possa atingir 2,7 mil milhões de euros, face aos 2,1 mil milhões de euros de 2021, com a ajuda da hotelaria e logística. “O mercado português tem-se portado muito bem nestes últimos seis meses contrariamente a outros mercados europeus que claramente se ressentiram da guerra, da incerteza, do aumento dos custos e da taxa de juro, que não deixa de ser muito importante no imobiliário”, disse Eric van Leuven, diretor-geral da Cushman & Wakefield em Portugal.
Avisando, no entanto, que esta situação pode alterar-se, o responsável em declarações à Lusa, admitiu que está para 2023 está “um bocadinho mais apreensivo”.
“Acho que vai haver uma retração no mercado imobiliário em termos de volume e sobretudo de valores. Neste momento os investidores não sabem muito bem onde está o 'chão' dos preços. Num investimento de qualidade é mais difícil determinar onde está o preço e, por isso, acredito que vá haver um abrandamento em 2023, sobretudo na primeira metade, mas isso é a minha visão”, ressalvou, acrescentando que “depende muito da crise energética ou da guerra na Ucrânia”, entre outros fatores.
Preços e investidores mantêm-se, mas guerra e crise energética são riscos para o setor
Mas para já, destacou, “há muito investimento à vista” que a empresa está convencida “que se vai concretizar”, e ainda não assistiu “a situações como outros colegas em outros países em que os investidores retraem as propostas” ou reduzem preços.
O especialista no setor imobiliário destaca “na primeira metade deste ano a grande preponderância de investimento em duas classes de ativos que nunca foram tão populares que são a hotelaria e a logística" e que representaram "quase 90% de todo o investimento institucional em imobiliário”.
De acordo com o mesmo responsável, no primeiro semestre houve um volume de investimento superior a 600 milhões de euros, mas em julho e agosto estes valores “quase que duplicaram e regista-se 1,2 mil milhões de euros de investimento concluído em 2022”.
Falta de oferta de casas vai manter setor residencial em alta
Quanto à área residencial, Eric van Leuven disse que “há tanta falta de casas que não será por falta de procura que entrará em crise”.
“Podem eventualmente estar a fazer-se casas que não sejam acessíveis para os portugueses e que dependem muito da compra por estrangeiros”, ressalvou, assinalando que estes continuam a escolher Portugal para viver.
Eric van Leuven reconheceu que existe um problema “para a população local”, mas que “não é por falta de interesse de promotores e construtores para fazer casas para essas faixas”, apontando problemas de licenciamento, impostos e outros obstáculos, que encarecem os projetos.
“É um problema que tem de ser resolvido a nível político”, rematou.
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