O compromisso do Banco Central Europeu (BCE) passa por baixar a inflação na Zona Euro o quanto antes. E, para atingir esta meta, vai continuar com a sua atual política monetária, marcada pela subida das taxas de juro diretoras. E qual será a dimensão das próximas subidas dos juros? Klaas Knot, membro do Conselho do BCE e presidente do banco central dos Países Baixos, antecipa que o regulador europeu deverá subir os juros diretores em 50 pontos base nas reuniões de fevereiro e março. E vai continuar a aumentar as taxas de juro nas reuniões seguintes.
Em entrevista à emissora neerlandesa WNL, Klaas Knot afirmou que o mercado deverá esperar que o BCE suba as “taxas em 0,5% em fevereiro e março”. E “não ficaremos por aqui”, já que “mais passos vão seguir em maio e junho", disse o presidente do De Nederlandsche Bank citado pela Reuters.
Sobre a dimensão das subidas dos juros que se seguem, Klaas Knot considera que ainda é "muito cedo para dizer" se o BCE pode desacelerar o ritmo dos aumentos de juros até ao verão, disse numa entrevista ao jornal italiano La Stampa. Mas adianta que “a dada altura, é claro, os riscos em torno das perspetivas de inflação vão tornar-se mais equilibrados" e nesse momento o regulador europeu poderá “dar mais um passo para baixo de 50 para 25 pontos base, por exemplo. Mas ainda estamos longe disso”, vincou o presidente do banco central neerlandês citado pelo mesmo meio.
Também o governador do Banco da Eslováquia e membro do conselho do BCE acredita que haverá aumentos dos juros na ordem dos 50 pontos base. "Creio que temos de subir [as taxas de juro diretoras] em 50 pontos base mais duas vezes", defendeu Peter Kazimir, citado pelo Jornal de Negócios. E explicou ainda que a política monetária deverá seguir o seu rumo uma vez que a inflação subjacente - que exclui os preços da energia e dos alimentos - está ainda em máximos históricos.
Baixar a inflação da Zona Euro para 2% é o objetivo do BCE
O BCE continua empenhado em seguir com a sua política monetária e em subir os juros. Isto porque os dados sobre a inflação no espaço europeu permanecem "demasiado elevados" (nos 9,2% em dezembro), embora os aumentos de preços tenham abrandado depois de atingirem um pico superior a 10% em outubro, tal como disse Christine Lagarde, presidente o BCE, na semana passa no Fórum Económico Mundial, em Davos.
"A nossa determinação no banco central é trazer a inflação de volta ao objetivo de 2% de forma atempada", tomando "todas as medidas para o conseguir", disse na ocasião. "Manter o rumo é o mantra da política monetária do BCE", garantiu Christine Lagarde no encontro de líderes.
O BCE aumentou as taxas de juro em 250 pontos base entre julho e dezembro de 2022. E agora espera-se que uma nova subida em 50 pontos base na próxima reunião de política monetária. Esta é, pelo menos, a perspetiva de vários membros do Conselho do BCE, como é o caso de Klaas Knot, de Peter Kazimir e da própria Christine Lagarde, que adiantou no final da reunião de política monetária que se realizou a 15 de dezembro, que as taxas de juro devem continuar a subir "a um ritmo de 50 pontos base durante algum tempo”.
Estas perspetivas dos membros do Conselho do BCE vão ao encontro das estimativas dos economistas ouvidos pela Bloomberg, que acreditam que as taxas dos depósitos subam dos atuais 2% para o máximo de 3,25% em maio de 2023, estando previstos aumentos de 50 pontos base em fevereiro e março, seguido de um aumento de 25 pontos base em maio ou junho. Depois, em julho, os especialistas acreditam que os juros diretores deverão recuar em 25 pontos base, descendo para 3%. E neste patamar deverão permanecer até ao final do ano, antecipam.
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