
Mesmo num contexto de altas taxas de juro, as famílias continuam a pedir empréstimos para comprar casa. Em dezembro de 2022, o montante total de crédito habitação concedido pelos bancos ascendeu a 100,3 mil milhões de euros, um valor 3,6% superior ao registado no final de 2021. Mas a variação anual está a abrandar há cinco meses consecutivos.
“No final de 2022, o montante de empréstimos concedidos para habitação pelos bancos aos particulares era de 100,3 mil milhões de euros, mais 3,4 mil milhões do que em dezembro de 2021”, começa por explicar o Banco de Portugal (BdP) na nota publicada esta sexta-feira (27 de janeiro de 2023). Este é mesmo o maior valor registado pelo regulador desde maio de 2015, quando o montante registado também somou cerca de 100,3 mil milhões de euros. Face a novembro, este montante só subiu 0,1%.
Em relação a dezembro de 2021, o montante concedido em empréstimos habitação aumentou 3,6%, diz ainda o BdP, que é liderado por Mário Centeno. Mas dá nota que este valor evoluiu de forma diferente ao longo do ano:
- no primeiro semestre, a concessão de empréstimos habitação acelerou;
- a partir da segunda metade do ano, num contexto de subida das taxas de juro, a concessão de créditos habitação “abrandou consecutivamente”. Este movimento de desaceleração foi semelhante ao registado na área do euro, dizem ainda.
Olhando para a taxa de variação anual ao longo de 2022, verifica-se que o stock de crédito habitação está a abrandar já há cinco meses seguidos. Muito embora continue acima dos 100.000 milhões de euros, um valor atingido em setembro de 2022 pela primeira vez desde 2015.
Depósitos das famílias também estão a abrandar com alta inflação
No que diz respeito aos depósitos, no final de 2022 os particulares tinham 182,4 mil milhões de euros depositados nos bancos residentes em Portugal, mais 9,6 mil milhões de euros do que no final de 2021.
À semelhança dos empréstimos concedidos aos particulares, também o crescimento dos seus depósitos tem desacelerado em termos anuais: de 8,1% em 2020 abrandou para 6,6% em 2021 e para 5,4% em 2022.
“Neste último ano, o abrandamento foi mais expressivo nos meses de novembro e dezembro”, destaca ainda o BdP.
Importa recordar que num contexto de alta inflação (aumentou 7,8% em 2022) e de subida dos juros, as famílias perderam poder de compra, tendo menos capital disponível para guardar no banco. Muitos usam as poupanças para fazer face às despesas do dia a dia que estão a subir, como é o caso da conta da luz, do supermercado e das prestações da casa.
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