O universo dos empréstimos habitação para comprar casa mudou ao longo de 2022, sobretudo, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter começado a subir as taxas de juro diretoras. Com o preço do dinheiro mais elevado, as taxas de juro no crédito habitação começaram a aumentar em quase todos os Estados-membros da União Europeia (UE), embora a diferentes velocidades. Portugal foi mesmo o segundo país da UE que registou a maior subida dos juros nos novos empréstimos para comprar casa entre novembro de 2021 e o mesmo mês de 2022, fixando-se em 3,08%.
No final de 2021, os países europeus ainda tinham as taxas de juro mais baixas de sempre, numa altura que as taxas Euribor estavam negativas. Mas no início de 2022 tudo mudou: o BCE começou a anunciar a subida das taxas de juro diretoras pela primeira vez em 11 anos e as taxas de referência começaram a reagir. E assim foi: entre julho de dezembro do ano passado o regulador europeu subiu os juros diretores em 250 pontos base. E só vai parar quando a inflação na Zona Euro rumar para os 2%, tal como garantiu Christine Lagarde, presidente do BCE, recentemente.
Estas decisões de política monetária acabaram por influenciar o mercado de crédito habitação europeu subindo, sobretudo, as taxas de juro. Os dados do BCE revelam precisamente que os juros médios nos novos empréstimos para comprar casa aumentaram em 18 dos 19 países com dados disponíveis. E foi na Alemanha onde o salto foi maior: passou de 1,32% entre novembro de 2021 para 3,6% em novembro de 2022 - ou seja, aumentou 2,28 pontos percentuais (p.p.).
O segundo país onde os juros nos novos empréstimos habitação mais subiram foi precisamente Portugal. Em novembro de 2021, as taxas médias ainda estavam abaixo de 1% (em concreto nos 0,83%). Já um ano depois, os juros médios fixaram-se em 3,08%, um valor 2,25 p.p. superior, mostram os dados mais recentes do regulador europeu.
Entre as maiores subidas dos juros nos novos créditos habitação entre estes dois momentos está também:
- Lituânia (de 2,05% para 4,09%);
- Eslováquia (de 0,93% para 2,96%);
- Finlândia (de 0,78% para 2,76%).
Ja as menores subidas dos juros nos novos empréstimos da casa foram registadas em Malta e na Grécia. O único país que registou uma descida dos juros médios no crédito habitação foi a Irlanda: fixou-se em 2,68% em novembro de 2022, menos 0,05 p.p. face ao mesmo mês do ano anterior.
Há vários fatores que podem explicar estas diferenças de aumentos das taxas de juro nos créditos habitação. Por um lado, nem todos os países apresentam uma elevada exposição à taxa de juro variável (como Portugal, por exemplo). Por outro lado, nem todos têm uma cultura de proprietário enraizada, ou seja, preferem arrendar casas ao invés de comprar (como acontece na Alemanha). E há que ter em conta que os spreads contratados também são distintos consoante a robustez das instituições bancárias de cada país.
Quais são os países com juros nos créditos habitação mais elevados? E mais baixos?
São os países de leste da Europa – onde há, sobretudo, a cultura de proprietário - que apresentaram as taxas de juro mais elevadas para comprar casa em novembro de 2022. De acordo com os dados mais recentes do BCE, os juros na Lituânica e na Letónia para o total de novos empréstimo habitação fixou-se em 4,09%, em média. E na Estónia os juros médios situaram-se nos 3,96%.
Considerando a lista de 19 países da União Europeia com dados disponíveis, Portugal é o 8º país que apresenta as taxas de juro associadas ao crédito habitação mais elevadas – em novembro a média no nosso país fixou-se em 3,08%. Este valor é bem superior à média da Zona Euro, de 2,81% em novembro de 2022 para a totalidade dos novos créditos habitação.
No fundo da tabela está a França, apresentado uma taxa de juro média nos novos empréstimos para comprar casa de 1,91%. Logo a seguir está Malta (2,18%), Irlanda (2,68%) e Espanha (2,7%).
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