Governador do Banco da Holanda é a favor de subir mais o preço do dinheiro se a inflação subjacente não descer. E não é o único..
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Subida de juros pelo BCE
Klaas Knot, governador do Banco da Holanda e membro do BCE Getty images

Hoje, uma das grandes missões do Banco Central Europeu (BCE) passa por baixar a inflação na Zona Euro até ao patamar dos 2%, de forma a ser assegurada a estabilidade dos preços. Para já, a inflação tem dado sinais de descida, mas a inflação subjacente continua em alta. Por isso mesmo, o governador do Banco da Holanda, Klaas Knot, considerado um “falcão” do Conselho de Governadores do BCE, tem-se mostrado favorável à subida das taxas de juro diretoras nas reuniões agendadas para maio, junho e julho, se a inflação subjacente não mostrar sinais de descida.

"É muito cedo para falar em parar” de subir as taxas de juro diretoras, garante Klaas Knot em entrevista ao jornal 'Irish Times', onde defendeu ainda que para interromper a sequência de subidas dos juros diretores seria necessário que a inflação subjacente descesse de forma convincente.

Nesse sentido, o governador do Banco da Holanda admite “não se sentir incomodado” com as projeções de mercado que apontam para uma nova subida do preço do dinheiro em 75 pontos base. Ainda assim, sublinha que o BCE deverá subir os juros diretores em maio em 50 ou 25 pontos base, uma decisão que deverá ser tomada depois de conhecer os dados de inflação de abril, que só serão divulgados dois dias antes da reunião. Hoje, o preço do dinheiro está em 3,5%, o valor mais alto desde o final de 2008.

Os dados da inflação subjacente na Zona Euro até agora conhecidos não são animadores. Segundo o Eurostat, a taxa de inflação terá caído para 6,9% em março face aos 8,5% de fevereiro. Já a inflação subjacente subiu para um novo recorde de 5,7%.

"Agora estamos, diria, com uma política monetária ligeiramente restritiva. Mas a inflação ainda é muito alta”, aponta Klaas Knot. Por isso mesmo, o “falcão" do BCE considera que a atual política “não será suficiente" para mover uma taxa subjacente próxima de 6%, motivo pelo qual considera necessário adotar uma postura "suficientemente restritiva". “Não sei qual é o patamar que será suficientemente restritivo, mas claramente não é onde estamos hoje”, alertou.

Novas subidas dos juros diretores são esperadas dentro e fora do BCE

O governador do Banco da Holanda não é o único a defender um novo aperto da política monetária. Na semana passada, o economista-chefe do BCE, Philip Lane, também se pronunciou a favor de um novo aumento dos juros diretores em maio, muito embora tenha realçado a importância do próximo inquérito bancário, sobre empréstimos e condições de financiamento, para avaliar o impacto da recente turbulência financeira.

Também o mercado parece que já começa a assumir uma nova subida do preço do dinheiro: a Euribor a 12 meses continua a subir a pique, depois de ter abrandado a sua evolução durante o período de maior turbulência financeira causada pelo colapso do banco californiano Silicon Valley Bank e pelos problemas financeiros no Credit Suisse. Hoje, a taxa diária da Euribor a 12 meses ultrapassa os 3,8% e os especialistas preveem que continue a subir.

As últimas projeções da espanhola Fundación de las Cajas de Ahorros (Funcas) indicam, por exemplo, que a média anual da Euribor a 12 meses - que representa 43% do stock de empréstimos a taxa variável para a compra de habitação própria permanente em Portugal  - deverá fixar-se em 4,25% em 2023 e em 4% em 2024. E indicam ainda que as taxas Euribor não deverão dar tréguas aos mutuários, pelo menos, até 2025.

Muitos economistas e analistas, por sua vez, acreditam que o BCE será forçado a aumentar ainda mais as taxas de juros para dominar a inflação, embora possivelmente adotando um ritmo mais moderado do que até agora. Afirmam que, por enquanto, o regulador europeu tem espaço para colocar as taxas de juro diretoras acima de 4%, embora descartem que estas taxas cheguem a 5%.

O Conselho do BCE deverá reunir-se no próximo dia 4 de maio para avaliar o rumo da sua política monetária e voltará a fazê-lo a 15 de junho, altura em que também publicará as suas novas projeções macroeconómicas, tal como a 27 de julho de 2023.

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