Promotora garante que projetos imobiliários “foram iniciados e apoiados pela Câmara Municipal de Gaia”.
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Fortera
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Elad Dror, CEO do grupo Fortera, detido no âmbito da Operação Babel, por suspeitas que investigam um “esquema de corrupção e de favorecimento” relacionado com licenciamentos urbanísticos de projetos, apresentou a demissão. Em comunicado, a empresa revela que o promotor israelita vai “renunciar ao cargo com efeitos imediatos e de forma voluntária”, e adianta que os projetos Skyline e do centro de congressos, que estão no centro da investigação, foram iniciados pela autarquia de Gaia.

No comunicado emitido esta quarta-feira, 24 de maio de 2023, o Grupo Fortera indica que Elad Dror, atual CEO, “irá resignar ao cargo com efeitos imediatos de forma voluntária, tal como declarado anteriormente diante do juiz aquando da sua audição, permitindo assim que a empresa possa continuar a sua atividade sem quaisquer interferências do e no processo em curso", que estima que "termine sem mais acusações”. O novo CEO, acrescenta, “será anunciado na próxima semana”.

A promotora imobiliária diz ainda que o projeto Skyline, que será o prédio mais alto de Portugal, e o centro de congressos em Vila Nova de Gaia com capacidade para 2.500 pessoas, “foram iniciados e apoiados pela Câmara Municipal de Gaia”, e garante que o envolvimento do Grupo Fortera no projeto “deriva de um convite a si endereçado” pela autarquia, que o declarou como “um empreendimento emblemático para a cidade, demonstrando assim o empenho em prestar assistência proporcional ao elevado investimento exigível para a sua execução”.

Em troca, acrescenta a promotora, “foi concedida à empresa a capacidade de construção e respetivas isenções fiscais, sujeitas à aprovação pela Assembleia Municipal e sujeitas à discussão pública, tal como previsto na lei”.

No documento oficial enviado às redações, a administração do grupo diz acreditar “firmemente que as alegações se revelarão infundadas, pois nunca houve qualquer envolvimento do Grupo Fortera em quaisquer ações que pusessem em causa os seus investimentos no país”.

Operação Babel: interesses imobiliários em causa

Recorde-se que a investigação criminal levou a Polícia Judiciária (PJ) às autarquias de Gaia, Porto, ao Metro do Porto e ao gabinete do premiado arquiteto Eduardo Souto de Moura, tendo sido constituídos 12 arguidos e detidas sete pessoas (entre elas, Elad Drod) indiciadas pela prática dos crimes de recebimento ou oferta indevida de vantagem, corrupção ativa e passiva, prevaricação e abuso de poder praticados por e sobre funcionário ou titular de cargo político.

Em causa, de acordo com a PJ, está a “viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário”.

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