Taxa de juro nos novos empréstimos está a estabilizar há 5 meses nos 4,2%. Taxa mista continua a ser a mais contratada, diz BdP.
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Novos créditos habitação
Foto de Theo Decker no Pexels

As famílias continuam a comprar casa em Portugal, recorrendo ao financiamento bancário. Apesar de os juros estarem em alta e de as famílias continuarem a sentir o alto custo de vida fruto da inflação, o montante dos novos créditos habitação atingiu um novo recorde em outubro, tendo sido concedidos 1.880 milhões de euros pela banca. E a taxa de juro média nestes novos empréstimos da casa desceram ligeiramente para 4,25%, estando praticamente estáveis desde junho.

Em outubro, foram contratualizados 1.880 milhões de euros em novos créditos habitação em Portugal. E este é mesmo o maior valor de que há registos contabilizados pelo regulador português numa série que remonta a janeiro de 2003. Face a setembro, o montante de novos empréstimos para comprar casa subiu 7 milhões de euros, revelam os dados do Banco de Portugal (BdP) divulgados esta segunda-feira, dia 4 de dezembro.

Mas o que pode explicar este valor histórico de novos empréstimos habitação? A questão é que não se sabe ao certo qual é o valor a que se destina a aquisição ou transferência de crédito, sendo que apenas se sabe qual é o montante de renegociações no próprio banco. Neste sentido, este aumento do montante dos novos créditos habitação poderá mesmo estar relacionado com as transferências de crédito e não com novas aquisições. Até porque, hoje, vários bancos em Portugal estão a oferecer condições especiais na transferência de empréstimos, não cobrando as despesas com a abertura do processo e a avaliação do imóvel, e oferecendo spreads atrativos.

De notar ainda que “a taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação diminuiu ligeiramente, de 4,25% em setembro para 4,23% em outubro”, indica ainda o supervisor português. Esta é a maior taxa de juro desde fevereiro de 2012, quando atingiu os 4,44%. O que salta à vista é que a taxa de juro média nos novos créditos habitação tem estado praticamente estável desde junho de 2023, estando desde então no patamar dos 4,2%.

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Taxa mista continua a ter a maior expressão nos novos créditos da casa

Por outro lado, a taxa mista continua a ser a mais contratada nos novos créditos habitação. “Em outubro, os novos empréstimos à habitação com taxa mista - isto é, empréstimos com taxa fixa num período inicial do contrato, seguido de um período de taxa variável - representaram 64% do total de novos empréstimos à habitação”, mostram ainda os dados do BdP.

Esta é uma tendência já verificada desde meados de 2022 - quando a taxa variável começou a subir a pique por via da Euribor - e que tem vindo a acentuar-se, de tal forma que em agosto de 2023 a taxa mista passou a representar mais de 50% dos novos créditos para habitação própria e permanente em Portugal. E, desde então, este peso da taxa mista tem vindo a ser cada vez mais expressivo. De notar que em agosto de 2022, a taxa mista representava somente 8% dos novos créditos para compra de habitação própria.

O que também é visível é que este “aumento do peso das novas operações a taxa mista tem-se refletido na alteração de composição do stock de empréstimos para habitação própria permanente”, revela o regulador. Entre janeiro e outubro de 2023, o peso do stock de empréstimos a taxa mista quase duplicou: passou de 7,0% para 13,3% do total do crédito para habitação própria permanente.

Ainda assim, em outubro de 2023, os empréstimos a taxa variável continuavam a ser predominantes, representando 82,9% do total do crédito para habitação própria permanente. Há um ano, em outubro de 2022, o peso dos créditos habitação de taxa variável representavam 90,1% do total.

*Notícia atualizada dia 5 de dezembro, às 9h41, com explicação sobre o montante de crédito habitação

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