Baixos juros estão a estimular crescimento do montante de novos créditos habitação no país, revela BdP.
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Juros no crédito habitação
Foto de Gustavo Fring no Pexels

Há oito meses que os juros nos novos créditos habitação estão a cair, tendo a taxa média descido para 3,71% em maio. Esta é uma reação dos juros às recentes descidas da Euribor, mas também às baixas taxas mistas hoje oferecidas pelo mercado. Até porque as taxas mistas passaram a representar 76% dos novos créditos para compra de habitação própria e permanente em maio – o maior valor de que há registo. Os dados do Banco de Portugal (BdP), esta quinta-feira divulgados, revelam ainda que o recuo dos juros está a estimular a subida do montante de novos créditos da casa e, por outro lado, a diminuir as renegociações e amortizações antecipadas.

“A taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação passou de 3,74%, em abril, para 3,71% em maio, reduzindo-se pelo oitavo mês consecutivo”, destaca o BdP na nota estatística publicada esta quinta-feira, dia 4 de julho.

Esta descida dos juros nas novas operações de crédito da casa reflete o recuo das taxas nos contratos totalmente novos, já que nas renegociações os juros subiram ligeiramente:

  • a taxa de juro média dos novos contratos de crédito habitação diminuiu 0,02 pp, fixando-se em 3,61% em maio;
  • nos contratos da casa renegociados, a taxa de juro média aumentou 0,02 pp, para 4,06 em maio.

“A taxa de juro média das novas operações de empréstimos à habitação do conjunto dos países da área do euro não se alterou (3,76%). Portugal apresentou a sétima taxa de juro média mais baixa, ficando abaixo da média da área do euro”, destaca ainda o BdP.

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Novos créditos habitação: montante está a crescer….

Estas novas reduções da taxa de juro – estimuladas pelos recentes recuos da Euribor e a oferta de taxas mistas mais baratas – podem estar a levar a que haja um crescimento (ainda que ligeiro) do montante dos novos créditos habitação que passou de 1.351 milhões de euros em abril para 1.375 milhões de euros em maio (+1,8%). Face há um ano (maio de 2023), este crescimento é ainda mais notório, de 33,4%.

Além disso, continua a existir a tendência em Portugal de contratar novos empréstimos da casa para habitação própria e permanente a taxa mista. “Em maio, 76% dos novos empréstimos à habitação foram contratados a taxa mista (isto é, com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período em que a taxa de juro é variável)”, destaca o BdP. No mês anterior, a percentagem de novos créditos da casa a taxa mista foi de 75%, pelo que este valor representa um novo máximo.

Apesar de a Euribor estar a descer há vários meses, os créditos habitação a taxa variável passaram a representar 20% do total de novos contratos (no mês anterior o peso foi de 21%). Isto acontece porque também as taxas mistas oferecidas pelos bancos têm estado mais baixas e atrativas às famílias, que procuram alguma estabilidade financeira no curto prazo.

De notar ainda que “o aumento do peso das novas operações a taxa mista tem-se refletido na recomposição do stock de crédito à habitação, em que os contratos a taxa mista já representam 24% do stock de crédito à habitação em maio de 2024 (em dezembro de 2022 era 6,4%)”, desta ainda o regulador português.

… e renegociações e amortizações descem em maio

Já no que diz respeito às renegociações e amortizações antecipadas do crédito habitação observa-se uma tendência decrescente. Os dados do BdP indicam que, em maio, o montante de renegociações de créditos da casa foi de 395 milhões de euros, menos 17,5% face a abril e menos 44% face ao mesmo período do ano passado.

As amortizações antecipadas de crédito habitação própria e permanente representaram 0,91% do stock de empréstimos em maio, menos 0,02 pp do que no mês anterior. “As amortizações antecipadas totais (que incluem os contratos finalizados por amortização da dívida do devedor, as consolidações de crédito em novo contrato e as transferências de crédito para outra instituição) corresponderam a 91% das amortizações antecipadas em maio”, indica ainda o regulador.

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