
O presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), Rui Moreira, criticou as estações da autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira que estão a ser construídas para o metrobus na Marechal Gomes da Costa, defendendo que parecem "ter sido feitas pelo Obélix". A autarquia autorizou, entretanto, o início das obras da Linha Rubi do metro, que ligará a Casa da Música a Santo Ovídio, por não querer ser responsabilizada pelo incumprimento dos prazos.
“Há coisas que de facto não gosto. Se me perguntar se compreendo quer na Avenida da Boavista, quer na Marechal Gomes da Costa as estações que lá estão a ser feitas, eu não gosto. É a minha opinião, não percebo porque é que são feitas assim", afirmou Rui Moreira, durante a Assembleia Municipal do Porto, que decorreu esta segunda-feira (8 de julho de 2024).
O autarca, que intervinha depois do eleito socialista Rui Lage ter criticado a primazia dada ao automóvel na Avenida da Boavista, defendeu que as estações do metrobus deviam assemelhar-se às novas paragens de autocarro que foram construídas na cidade.
"Olho para aqueles matacões, aqueles que me incomodam mais até têm uma assinatura de autor, que estão na Marechal Gomes da Costa, que, a meu ver, deviam ser costas com costas e coisas levezinhas, envidraçadas e não precisavam de ser coisas que parecem ter sido feitas pelo Obélix", afirmou, comparando a situação à seleção nacional de futebol. "É a questão das vacas sagradas", referiu.
"Olho para aqueles matacões, aqueles que me incomodam mais até têm uma assinatura de autor, que estão na Marechal Gomes da Costa, que, a meu ver, deviam ser costas com costas e coisas levezinhas, envidraçadas e não precisavam de ser coisas que parecem ter sido feitas pelo Obélix"
Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto
Apesar das críticas, o autarca independente saudou algumas das opções levadas a cabo no projeto do metrobus, como a largura dos passeios e, consequentemente, a retirada de estacionamento à superfície, a colocação de árvores nos passeios e a retirada do Monumento ao Empresário para ali criar “um bosque com árvores”.
Rui Moreira considerou ainda "uma boa notícia" o projeto manter a ciclovia entre o cruzamento da Marechal Gomes da Costa e o Castelo do Queijo. "A Avenida da Boavista não tem a mesma bitola. Na parte de baixo vamos poder manter a ciclovia, mesmo reduzindo as faixas de rodagem", afirmou, lamentando o facto de a Avenida da Boavista "não dar para tudo".
O autarca independente destacou também que a importância daquela artéria e o seu acesso à Via de Cintura Interna (VCI), não permitiriam reduzir a faixa de rodagem para apenas uma via. “Não estamos ainda nessa fase. Se o metrobus corresponder às expectativas de trânsito, talvez possamos ter um metro com capacidade maior”, observou Rui Moreira.
O metrobus ligará a Casa da Música à Praça do Império (em 12 minutos) e à Anémona (em 17) este ano. As obras da primeira fase arrancaram no final de janeiro de 2023, estando previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço, e na secção até Matosinhos adicionam-se Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo e Praça Cidade do Salvador (Anémona).
Inicialmente, o projeto do 'metrobus' estava previsto apenas até à Praça do Império, mas como o valor da adjudicação (25 milhões de euros) ficou abaixo dos 66 milhões de euros, o Governo decidiu fazer uma extensão do serviço até à Praça Cidade do Salvador, conhecida como Anémona, em Matosinhos.
O investimento inicialmente previsto para o metrobus, de 66 milhões de euros, é totalmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e os 10 milhões adicionais poderão ser também financiados pelo PRR, pelo Fundo Ambiental ou pelo Orçamento do Estado.

Câmara já autorizou início das obras da Linha Rubi do metro
Entretanto, a CMP autorizou o início das obras da Linha Rubi do metro, que ligará a Casa da Música a Santo Ovídio, por não querer ser responsabilizada pelo incumprimento dos prazos. "Tivemos de autorizar agora o início das obras da Linha Rubi [do Metro do Porto]. Vamos ter de iniciar, porque a última coisa que o município do Porto pode agora é ser responsabilizado por aquilo que vai acontecer de qualquer maneira, que é que a Linha Rubi não vai cumprir com os prazos do PRR", afirmou Rui Moreira, em reunião do executivo municipal.
Interpelado pela vereadora social-democrata Mariana Macedo a clarificar de quem era a responsabilidade da ocupação do espaço público pela obras da Metro do Porto, Rui Moreira disse "não entender o PSD".
"Pelos vistos este Governo está bastante contente com o funcionamento da administração da Metro do Porto porque na assembleia que decorreu acabou de apresentar um louvor à administração da Metro do Porto. Se apresentou um louvor é porque está contente com a forma como as coisas estão a decorrer", afirmou, acrescentando que as obras da Metro não requerem licenciamento.
"Tomei nota de que o Governo entende que merece um louvor, portanto, a partir daqui estou bem entendido sobre quais são as posições", acrescentou.
O valor global de investimento da Linha Rubi (Casa da Música - Santo Ovídio, incluindo nova ponte sobre o rio Douro) é de 435 milhões, um investimento financiado pelo PRR.
A Linha Rubi, com 6,4 quilómetros e oito estações, inclui uma nova travessia sobre o Douro, a ponte D. Antónia Ferreira, a Ferreirinha, que será exclusivamente reservada ao metro e à circulação pedonal e de bicicletas.
Em Gaia, as estações previstas para a Linha Rubi são Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e no Porto Campo Alegre e Casa da Música. A empreitada tem de estar concluída até ao final de 2026.
*Com Lusa
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