Decoradora de casas de famosos, palácios, hotéis e outros espaços, Ana Borges cumpre 25 anos de carreira. Agora em entrevista.
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Ana Borges, Fundadora e CEO da Ana Borges Interiores idealista/news

Reformas, mudanças na decoração e até a compra de uma nova casa para melhorar o estilo de vida e atender às necessidades e gostos que temos. Descobrimos a importância da casa na nossa vida, e torná-la mais confortável e acolhedora passou para o topo das prioridades.

Um dos truques é estar, como na moda e beleza, atualizado e atento às tendências, que são “cada vez mais ecléticas”, segundo explica Ana Borges, fundadora e CEO da Ana Borges Interiores. Em entrevista ao idealista/news, a decoradora portuguesa deixa dicas sobre o que vai estar em voga para 2023. Mesmo para quem tenha pouco orçamento.

De acordo com a especialista, as pessoas procuram, numa tendência crescente, “mais funcionalidade aliada à simplicidade requintada, conforto e tranquilidade”. Para 2023, adianta, a tendência está na utilização de muitas madeiras, pedra, materiais orgânicos, elementos que remetem para a natureza. Querem-se espaços menos monótonos e que valorizem a luz. “As tendências ganham, cada vez mais, um toque de personalidade através de objetos e cores, ao contrário do minimalismo, que se instalou por volta do ano 2000. As pessoas procuram conforto e ambientes mais acolhedores e menos estéreis e frios. Os verdes são tendência”, acrescenta.

Ana Borges é um exemplo de empreendedorismo de sucesso no feminino. Há 25 anos fundou a sua própria empresa de arquitetura e decoração e, desde então, tem acumulado inúmeros projetos no seu portefólio que além de casas, conta também com câmaras municipais, palácios ou hotéis.

De anónimos a personalidades conhecidas, como embaixadores, políticos ou jogadores de futebol, a entidades públicas a privadas - nacionais e internacionais – a decoradora já desenvolveu projetos em Portugal, França, Mónaco, Inglaterra, Holanda e Angola. Mais recentemente, Philippe Starck, o designer e arquiteto francês, mundialmente conhecido, escolheu a especialista para dar apoio na decoração das suas casas em Portugal.

Licenciada em Ciências Históricas, com especialização em História de Arte, apaixonou-se pelo arte dos interiores, e não tem dúvidas que esta “disciplina” pode impactar positivamente o bem-estar físico e emocional na vida das pessoas, até porque, diz, “a paz interior e as boas energias são mais facilmente atingidas se a envolvência o permitir”. E para ter espaço bonito e funcional não é preciso muito. Segundo Ana Borges, mesmo com pouco dinheiro, é possível criar uma decoração funcional, harmoniosa e impactante.

Nesta entrevista escrita para o idealista/news, que agora reproduzímos na íntegra, a empreendedora deixa vários conselhos e sugestões do que se pode fazer para transformar a casa num refúgio de sonho, e quais as tendências de decoração para 2023.

decorar a casa
Ana Borges Interiores

A Ana é licenciada em Ciências Históricas, com especialização em História de Arte, e foi aos 33 anos que decidiu fundar este negócio. Quando é que descobriu esta paixão pela arquitetura e decoração de interiores?

Quando me casei, em 1988, fiz a decoração da minha primeira casa. Tive por base a minha sensibilidade e gosto pelo mundo da decoração. Os familiares e amigos adoraram e logo surgiu o primeiro pedido, que partiu de um primo. A partir desse momento, decorar casas tornou-se uma fonte de grande satisfação e sentido de realização para mim. Na altura trabalhava como diretora comercial numa empresa e, por isso, a  realização do meu sonho chegou uns anos mais tarde, depois de vários testes com nota positiva.

Abre o seu atelier próprio no final dos anos 90... Como foi dar este passo como mulher empreendedora? Quais foram os maiores desafios ao longo destes anos à frente de um negócio próprio?

Não  foi nem é fácil quando se trabalha com capitais próprios e se cumpre com todas as obrigações mensais. É preciso uma valente dose de coragem, mas sou uma pessoa sem medos e gosto de desafios. No entanto, nunca dei o passo maior que a perna. O início foi com risco calculado e prudência. Comecei por trabalhos pequenos e com poucos colaboradores. Sempre com muito respeito pela equipa e pelos clientes.

Decorar casas tornou-se uma fonte de grande satisfação e sentido de realização para mim.

Como é que evoluiu o negócio desde aí? E o que é que é mudou no mercado nos últimos anos?

Trabalhava essencialmente para a minha rede de contactos mais próximos, com a maior dedicação e profissionalismo. Depois foram os clientes e amigos que fizeram o resto, recomendando os nossos serviços. O mercado mudou muito. Houve  abertura a novas ideias, acesso às feiras internacionais e novas tendências. O aparecimento da internet e das redes sociais fez também uma grande diferença. Estamos mais perto de todos. Novos fornecedores e novos clientes. É curioso como a tecnologia alterou fortemente a nossa forma de trabalhar. Temos clientes estrangeiros que nunca conheci presencialmente. Tudo foi tratado por videochamada e email. A internet revolucionou muito a nossa atividade, em vários sentidos.

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Projeto Ana Borges Interiores

Ao longo das últimas duas décadas desenvolveu vários projetos, desde anónimos a personalidades conhecidas, de entidades públicas a privadas, nacionais e internacionais, em Portugal, França, Mónaco, Inglaterra, Holanda, Angola...Pode dar-nos alguns exemplos?

Os nossos clientes são provenientes de todos os quadrantes mas, efetivamente, alguns pertencem à esfera política ou são representantes do Estado, em Portugal ou no estrangeiro. Também temos clientes que são representantes de outros países em Portugal para quem já realizámos vários projetos chave na mão. O acordo de confidencialidade não nos permite dar informações mais detalhadas.

Há algum projeto em particular que gostasse de destacar? Ou aquele que mais a desafiou/marcou até hoje? E porquê?

Os projetos são todos muito diferentes, por isso tenho que fazer como os atores, vestir a pele dos clientes e, por incrível que pareça, todos me dão grande satisfação, independentemente da dimensão. O mais recente projeto que realizámos, em Cascais, foi o mais abrangente. Fomos responsáveis pelo projeto de arquitectura de interiores, pela escolha dos materiais, acompanhamento de obra, projeto de decoração e execução do mesmo.

Talvez por isso, aliado ao facto dos clientes valorizarem muito o nosso país, terem sido muito cooperantes e extremamente simpáticos (ao ponto de nos termos tornado amigos) marcou-me particularmente. A nível nacional, destacaria também a oportunidade que nos tem sido dada, de desenvolver trabalhos, na renovação dos têxteis, para o Palácio da Pena, Palácio Nacional de Sintra, Monserrate e Palácio de Queluz. Podermos contribuir para o perpetuar da História do nosso país, vista por milhões de pessoas de todo o mundo, é uma oportunidade que valorizo muito.

remodelar o quarto
Projeto Ana Borges Interiores

Pode dar alguns exemplos de figuras públicas com as quais tenha trabalhado e em que tipo de projeto?

Falar da privacidade de figuras públicas é sempre um tema muito sensível. Temos o dever e a obrigação de resguardar a identidade dos nossos clientes quando nos é solicitado e essa solicitação, normalmente, acontece sempre. Posso apenas confirmar que já realizámos projetos chave na mão para figuras conhecidas de todos os quadrantes, nomeadamente, do mundo do jornalismo, do mundo do futebol, entre outros. Posso mencionar, por exemplo, que realizámos projetos na “Torre Ambiente”, em Angola ou que realizámos um projeto de Decoração de grande envergadura, em Utrecht, nos Países Baixos, mas não estou autorizada a divulgar mais dados.

Philippe Starck é extremamente atento ao pormenor, muito exigente, muito pontual e cumpridor. É também exímio em lançar desafios.

Recentemente, o seu atelier passou a ser a escolha do designer e arquiteto francês,  mundialmente conhecido, Philippe Starck, para decorar os seus espaços. Pode explicar-nos melhor o âmbito desta parceria?

Termos sido referenciados para colaborarmos com o “Mestre” foi um motivo de grande orgulho para nós. Philippe Starck é extremamente atento ao pormenor, muito exigente, muito pontual e cumpridor. É também exímio em lançar desafios. Um perfil com o qual me identifico e que me estimula profundamente. O trabalho que desenvolvemos para o prestigiado designer e arquiteto francês insere-se na sua esfera privada, nas suas casas particulares, em Portugal, onde a confeção de todos os têxteis foi da nossa responsabilidade. Para além do contacto direto que vou tendo com Philippe Starck, ele e a sua família têm uma equipa de apoio excelente, com uma comunicação fácil e acessível, essencial para que consigamos alcançar os resultados pretendidos. Ter a confiança desta figura maior do mundo do design e arquitetura está a ser uma experiência fantástica e extremamente gratificante.

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Projeto Ana Borges Interiores

Atualmente, a que tipos de projetos se dedicam e que serviços oferecem? Quais são os mais requisitados?

Maioritariamente, dedicamo-nos à execução de projetos de arquitetura de interiores e decoração de espaços residenciais. Graças à sua especialização e experiência obtidas em Londres, temos também entre mãos um novo desafio, no âmbito comercial, conduzido pela minha filha, Marta Borges, arquiteta de Interiores.

Qual o peso dos clientes portugueses e estrangeiros no negócio?

Atualmente temos tido mais clientes estrangeiros do que nacionais, graças ao seu poder de compra. Como todos sabemos, quem opta por se instalar em Portugal tem, normalmente, um nível de vida mais elevado do que a maioria dos portugueses. Os desafios dos clientes nacionais são de igual ou maior importância para nós, embora sejam de menor envergadura, pois é graças a estes que somos referenciados para projetos de maior complexidade e dimensão, de todos os cantos do mundo.

Há algum perfil-tipo de cliente que vos procura?

Por incrível que pareça, não. Somos muito transversais. O facto de termos atelier próprio (que nos permite, por exemplo, a confeção de cortinados e todo o tipo de têxteis) com um nível de qualidade e cumprimento de prazos ainda pouco comum em Portugal, tem aberto portas a um variado leque de clientes, com diferentes necessidades.

remodelar a sala de estar
Projeto Ana Borges Interiores

Quais são as tendências de arquitetura e decoração de interiores do momento? E para 2023?

As tendências são cada vez mais ecléticas. Vivemos, cada vez mais, numa sociedade composta por muitas culturas e nacionalidades, que aportam a sua influência e os seus hábitos. A aculturação é  inevitável. Mas diria que as pessoas procuram, numa tendência crescente, mais funcionalidade aliada à simplicidade requintada. Conforto e tranquilidade. Para 2023 a tendência está na utilização de muitas madeiras, pedra, materiais orgânicos,  elementos que remetem para a natureza. Espaços menos monótonos e que valorizem a luz. As tendências ganham, cada vez mais, um toque de personalidade através de objetos e cores, ao contrário do minimalismo, que se instalou por volta do ano 2000. As pessoas procuram conforto e ambientes mais acolhedores e menos estéreis e frios. Os verdes são tendência.

Diria que as pessoas procuram, numa tendência crescente, mais funcionalidade aliada à simplicidade requintada.

O que há que evitar “sim ou sim” quando se pensa em decorar um espaço? Qual o maior erro que costuma encontrar quando vai a casa de alguém?

O maior erro, normalmente, é comprar peças avulso, por impulso ou porque é em conta. Esses impulsos, muitas vezes, comprometem toda a decoração.

Que conselhos daria a quem pensa decorar um espaço e tem pouco orçamento?

O bom gosto faz milagres. Até com materiais menos nobres se pode fazer uma decoração funcional, harmoniosa e impactante. Em primeiro lugar, as pessoas devem fazer um levantamento das suas necessidades. Definirem o valor disponível e listar o material a adquirir. Mesmo que não possam comprar tudo ao mesmo tempo, devem seguir um plano. Esse plano pode e, se possível, deve ser feito por um profissional da área que ofereça garantias.

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Projeto Ana Borges Interiores

O que continua a apaixoná-la neste “universo”? Em que é que se inspira?

Sou uma pessoa mais de amores do que de paixões. O amor deve ser duradouro, a paixão é efémera. E eu amo o que faço. Cada cliente é um novo desafio. Gosto muito de mediar e equilibrar as escolhas dos casais que me procuram. Ouvir os dois e tentar construir pontes. Muitos clientes procuram um serviço de decoração de interiores porque não conseguem encaixar as peças do puzzle. Por vezes têm ideias e gostos diferentes. No fim ficam ambos rendidos ao resultado. Adoro! A inspiração vem da experiência, das pesquisas, das exposições internacionais. Mas também do dia a dia, das viagens e da observação constante. Sou muito observadora.

Sou uma pessoa mais de amores do que de paixões. O amor deve ser duradouro, a paixão é efémera. E eu amo o que faço.

Acredita que a arquitetura e decoração de interiores pode impactar a vida das pessoas? Em que medida?

Sem dúvida.  Acho que o bem-estar físico potencia o bem-estar emocional. A harmonia é sempre positiva na vida das pessoas. A paz interior e as boas energias são mais facilmente atingidas se a envolvência o permitir. A arquitetura de interiores tem como objetivo facilitar o dia a dia de cada um. Tornar os espaços mais funcionais e bonitos. Quando aliada à decoração, está criada a sintonia perfeita.

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1 Comentários:

Bernardo.aida@gmail.com
12 Novembro 2022, 10:10

Este artigo é mais sobre a Sra. do que o sugerido no título. Decepcionante. Estava à espera de mais dicas.

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