Maioria dos países decidiu adotar medidas de contenção para evitar uma sobrecarga dos serviços de saúde. A que custo? Ainda não se sabe.
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Isolamento é ameaça ou vantagem para a economia?
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Adotar medidas mais restritivas e parar a atividade económica, ou não fazer nada e deixar o ritmo de contágio do Covid-19 seguir o seu rumo? A pergunta corre o mundo e não há unanimidade de consensos. A maior parte dos países decidiu congelar as economias, numa tentativa de “ganhar tempo” ao coronavírus, sem ainda ser possível apurar muito bem as consequências destas restrições, a longo prazo. Ainda assim, e perante tantas incertezas, há quem admita que as medidas de contenção de saúde pública podem vir a ser, afinal de contas, um “mal menor”.

O objetivo de suspender temporariamente a economia, fechando comércio, serviços e escolas, colocando a maioria das pessoas em casa, não é eliminar o vírus, mas evitar uma sobrecarga nos serviços de saúde, para que seja possível, em última instância, salvar vidas. A que custo para a economia? Não se sabe ainda.

Dois economistas da Universidade de Virginia, Anton Korinek e Zachary Bethune, publicaram na semana passada, segundo a notícia avançada pelo Jornal de Negócios, um paper no Centre for Economic Policy Research (CEPR) no qual calculam os custos de três abordagens diferentes num cenário de pandemia. Testaram, de resto, o que aconteceria à economia norte-americana em três tipos de política de saúde pública, tendo como base de partida o surto de Covid-19.

No estudo “Covid-19 infection externalities: trading off lives vs. livelihoods”, os investigadores partiram de uma realidade em que o surto inicial da doença afeta 1% da população total do país e assumiram que, racionalmente, os indivíduos não infetados reduziriam um pouco os seus níveis de atividade, com medo de ficarem contaminados. Por outro lado, quem já tivessem contraído a doença não teria nada mais a perder e, podendo, manteria os seus níveis de atividade, tal como escreve o Negócios.

Num cenário como este vemos que os indivíduos subestimam o custo de cada nova infeção. Apontam para um dano calculado em 80 mil doláres, cerca de 74 mil euros, que, na realidade, segundo as contas dos economistas, pode atingir os 286 mil dólares (264 mil euros). Quer isto dizer que uma economia como a norte-americana acabaria por registar uma quebra inicial do PIB de 8%, seguida de uma recuperação lenta durante vários anos até que fosse atingida a imunidade de grupo.

Mas os investigadores apontam custos menores no caso de ser possível distinguir quem está infetado de quem não está. Isto porque, na prática, e seguindo este modelo, seria possível isolar quem está doente e quem não está, e assim enfrentar uma recessão “bastante mais suave”. Perante isto, coloca-se outra questão: e se não for possível distinguir os infetados?  - veja-se os assintomáticos. Neste caso, os economistas aplicam um modelo de isolamento rigoroso em que a atividade de todas as pessoas, infetadas ou não, é reduzida a mínimos, até que a doença porssa estar controlada. As conclusões remetem para custos avultados, de cerca de 576 mil dólares (532 mil euros) por cada infeção, e para uma recessão mais agressiva, de 17%, que, apesar disso, seria seguida de uma rápida recuperação.

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