Valor resulta da soma de comparticipações diretas com benefícios fiscais dados aos proprietários que decidam mudar o regime de exploração dos imóveis
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Converter alojamento local em arrendamento acessível vai custar 17,4 milhões de euros ao Estado
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Para tentar dar uma resposta concertada à crise habitacional e apoiar os proprietários de alojamento local que estejam em dificuldades devido à pandemia da Covid-19, o Governo tem um pacote de 17,4 milhões de euros que visam fomentar a conversão de imóveis que estavam no mercado turístico de curta duração em casas para famílias, com rendas acessíveis. No total, é estimado um investimento anual de 4,5 milhões de euros nas comparticipações do programa de conversão do alojamento local em arrendamento acessível, no âmbito da atual “crise habitacional”, a que acrescem 12,9 milhões de benefícios fiscais.

Segundo o Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), publicado em Diário da República no dia 06 de junho de 2020, o financiamento é proveniente do Orçamento do Estado e a medida - que já tinha sido anunciada pelo Governo uns dias antes, sem referência a verbas – é um complemento à “mobilização do património público”.

É uma solução eficaz e rápida face à urgência de resposta à crise habitacional, com o benefício adicional de aumentar as opções disponíveis aos proprietários de alojamento local que se encontrem em dificuldade”, refere o programa.

O plano, tal como explica a Lusa, será concretizado através do apoio a programas municipais de arrendamento para subarrendamento a preços acessíveis, com uma comparticipação a 50% da diferença entre a renda paga e a renda recebida. “Acresce a verba não coletada por via da isenção de tributação em sede de IRS/IRC concedida pelo Programa de Arrendamento Acessível”, indica o executivo, referindo-se aos impostos sobre os rendimentos singulares ou coletivos. No total, o programa – cuja duração não é apontada - tem um peso de 17,4 milhões de euros por ano nos cofres do Estado.

O Governo admite que as dificuldades de acesso à habitação atingem hoje “segmentos da população com rendimentos intermédios, que até recentemente conseguiam encontrar no mercado habitação a custos compatíveis face aos seus rendimentos”. É referido, por outro lado, que a dificuldade de acesso à habitação é “mais premente nas áreas com maior atratividade turística”.

Outras iniciativas para gerar mais oferta de habitação

Já no que se refere ao parque habitacional público, o PEES sublinha que uma parte está desocupada e pode ser disponibilizada, a preços acessíveis, após obras de reabilitação ou construção nova, o que permitirá também dinamizar o setor da construção.

O executivo socialista compromete-se, por isso, a avançar com a identificação dos imóveis disponíveis e com as intervenções necessárias, com um reforço dos recursos humanos do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), que terá afetos as estas tarefas 20 novos efetivos.

Somando este investimento às despesas de serviços e empreitadas para estes objetivos, o Governo estipulou um montante de 48 milhões de euros para a operação relativa ao parque habitacional público.

O Plano de Estabilização inclui ainda, na área da habitação, quatro milhões de euros para empréstimos a famílias que não consigam pagar a casa. Devido à pandemia de covid-19, tinha sido criado um apoio financeiro, concedido pelo IHRU, dirigido a “agregados familiares com quebras significativas de rendimentos e senhorios de baixos recursos”, devendo as famílias ressarcir o instituto seis meses após o financiamento das rendas.

Porém, reconhecendo que, embora o estado de emergência já tenha sido levantado, muitas famílias poderão demorar a ter estabilidade financeira, o Governo decidiu agora que o apoio do IHRU vai ser estendido até setembro e que, para as famílias mais vulneráveis, o empréstimo possa ser convertido em subsídio não reembolsável, ou seja, sem devolução da verba.

“O apoio adicional a estas famílias irá assim garantir que estas podem permanecer na sua habitação, evitando novas situações de precariedade habitacional. Para esta medida, estima-se que o apoio financeiro possa chegar aos quatro milhões de euros em empréstimos concedidos, dos quais cerca de 1,5 milhões de euros poderão ter de ser convertidos em subsídios não reembolsáveis”, refere o documento.

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