A agência de 'rating' diz que estas ajudas são solução para o potencial 'stress' de curto prazo da liquidez dos devedores, mas têm riscos de médio-prazo para os bancos.
Comentários: 0
Moratórias mascaram qualidade dos ativos no sul da Europa, avisa Fitch - incluíndo Portugal
Imagen de Anja en Pixabay
Lusa
Lusa

A agência de 'rating' Fitch considera que as moratórias bancárias adotadas na sequência da pandemia "mascaram a qualidade de base dos ativos" da banca no sul da Europa. "Ao passo que as moratórias de crédito são uma solução para o potencial 'stress' de curto prazo da liquidez dos devedores, elas mascaram riscos de médio-prazo para a qualidade dos ativos dos bancos", pode ler-se num relatório da Fitch sobre o sul da Europa.

De acordo com o documento, a utilização de moratórias é maior onde há "pouco ou nenhum recurso a empréstimos com garantias do Estado, como no Chipre, Grécia e Portugal" e, segundo a agência de notação financeira, "os bancos do sul da Europa usaram, em geral, mais moratórias de crédito e outros esquemas de suporte que os bancos noutras partes da Europa".

A Fitch adianta que esta situação é atribuível a vários fatores, como a ligação das economias ao turismo, ou "a ligação das economias às pequenas e médias empresas, que tendem a ser mais vulneráveis que os grandes empregadores aos choques económicos".

"A dívida do setor privado permanece particularmente alta em Chipre e Portugal, tornando os devedores mais vulneráveis a quebras", aponta também a Fitch no documento. No entanto, em Chipre e na Grécia "as moratórias colocam riscos adicionais" aos bancos, dado que "a cultura de pagamento é mais fraca que no resto do sul da Europa".

Em toda a União Europeia (UE), "as moratórias representaram mesmo menos de 10% do total dos empréstimos do setor bancário no final de junho de 2020, de acordo com a Autoridade Bancária Europeia (EBA)", segundo o documento.

No entanto, "as proporções em Chipre, Grécia, Itália e Portugal são maiores", ao passo que em Espanha "a proporção é menor devido ao maior uso de empréstimos garantidos pelo Estado ao invés de moratórias para apoiar os devedores".

A Fitch considera ainda que as moratórias devem recuar em 2021 no sul da Europa, mas "o uso de moratórias adicionais não pode ser excluído" para os bancos da região.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta