Limpezas de ano novo: entrar em 2022 com a casa livre de “espíritos”

O final do ano é sempre sinónimo de festa e celebração. Mas também é tempo de fazer um balanço sobre tudo o que se passou em 2021 e refletir sobre o que aí vem em 2022. Trata-se igualmente de um bom momento para recuperar o debate sobre a existência dos espíritos, e se podem permanecer ancorados neste mundo, sem passar para o outro, em casas e edifícios. Acreditando ou não no oculto, e numa altura em que muitos decidem limpar e organizar a casa a fundo, não se perde nada em saber como manter a casa livre de “espíritos” para entrar em 2022 com energias renovadas.

Rios de tinta já correram sobre este assunto. Além disso, há uma extensa lista de filmes sobre o tema, desde filmes de terror até outros que combinam drama e suspense. O que é inegável é que, da mesma forma que se faz uma limpeza física, em algumas casas são realizadas as chamadas “limpezas espíritas”: porque se sente a presença de determinado tipo de energias, porque ocorreram acontecimentos traumáticos ou simplesmente porque o proprietário sente alguma coisa. As razões são diversas.

Mas como é que esses rituais são realizados? Victoria Braojos Ayala, diretora e medium do La Orden de Ayala, faz este tipo de intervenção desde os 18 anos. “É preciso verificar se realmente existe um espírito ou vários. Nos dias que antecedem a limpeza espírita, vou à casa ver se é assim e depois é feito o ritual que o que faz é ajudá-lo(s) a sair, a abrir caminho. Às vezes, um único ritual não funciona e é preciso repeti-lo”, explica.

Comprar ou vender casa? Há quem queira livrar-se dos "espíritos" primeiro

Segundo a medium, não há necessariamente mais rituais nesta época, aliás, elas ocorrem durante todo o ano, principalmente quando se tem que comprar ou vender um imóvel. O preço é altamente variável, variando de 150 euros a 2.000 euros. Mas como é que se faz uma limpeza desse tipo?

O idealista/news visitou com Braojos puma casa abandonada nos arredores de Tomelloso, em Ciudad Real. Paqui Montañés, uma das proprietárias, conta que esta era a sua casa de fim de semana e que está abandonada há mais de quatro anos. A vegetação rasteira por toda parte, um baloiço enferrujado e uma árvore caída à frente da casa testemunham esse abandono: a propriedade viveu tempos melhores e agora está em plena decadência. A família queria vendê-la há muito tempo, mas um conflito de interesses entre a mãe e as filhas tem impedido o negócio. Isso e o facto de, aparentemente, vários espíritos viverem na casa.

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Braojos foi poucos dias antes testar a casa, montando os chamados altares, e colocando neles os elementos que os espíritos pediram. São dois altares, e neles podemos ver copos cheios de água, um espelho, velas diferentes, a cruz, o sal, o incenso, as brasas e um objeto que pertencia a um dos falecidos. “Aqui detetei várias energias, sete no total, por isso são sete velas, as velas mostram o caminho. Também há sete copos de água. Os espíritos que detetei pediram-me um espelho quadrado”, explica.

Como se faz a "limpeza espírita"?

O altar abobadado serve para chamar os espíritos que podem habitar a casa, o espelho é o portal de entrada e as velas indicam o caminho a seguir. Depois de serem chamados por aquele primeiro altar, no segundo altar, que fica em frente, realiza-se uma cerimónia com outras velas e ali são convidados a deixar de habitar aquela casa. É como fazer um acordo com eles. Terminado o ritual, através do espelho, eles voltam à sua dimensão. O espelho é um portal. E depois, no final, “é preciso enterrar os elementos usados, o sal, as velas e os restos de cera, por exemplo, em determinado local”, diz. Por que é que existe uma cruz neste tipo de ritual? “A cruz é anterior ao catolicismo, Jesus adotou-a, mas é anterior. Ela sempre foi protetora. Além disso, se a família que solicita o ritual é católica, ela se sente mais protegida dessa forma”.

Antes de iniciar a "limpeza espírita", Braojos deu-nos um protetor que contém enxofre, sal e arruda, que deve estar em contacto com a pele durante o tempo todo. Ela mesma realiza o ritual a partir de um círculo de sal: “Percebam que quando invocamos as energias, qualquer um pode vir, também o negativo. E essa é uma forma de nos protegermos dele, o enxofre impede que ele chegue até nós. Isso ou estar vestido de preto, o luto é um protetor ”.

Paqui, a proprietária, que esteve presente em todos os momentos do ritual, espera que ele surta efeito e que finalmente possam livrar-se da casa onde foram muito felizes, mas que agora não passa de uma dor de cabeça. O ritual acabou e na sala já não se ouve mais o crepitar das velas, apenas o vento lá fora: Braojos recolhe todos os utensílios e leva o espelho. Percebemos que cobriu um que os donos tinham na sala: deveria haver apenas um portal de entrada. "E se o espelho se parte, o espírito fica”.

Já se sabe, principalmente para os superticiosos, da maldição que supõe um espelho partido. Mas hoje tivemos sorte e ele permaneceu intacto.