
Todas as quartas-feiras apresentamos um hotel com encanto. E desta vez destaca-se um projeto nascido em Lisboa, na Rua Palmira, em pleno bairro de Arroios. Um edifício de habitação do início do século XX acaba de ganhar nova vida enquanto hotel de três estrelas, resultado de uma profunda transformação assinada pelo atelier Orgânica Arquitectura.
O novo Hotel Palmira, com 21 unidades de alojamento e 40 camas, propõe um diálogo arrojado entre passado e presente, preservando o espírito da cidade histórica sem abdicar da inovação.

O projeto, iniciado em 2018 e concluído em 2024, reinterpreta o espaço original com uma abordagem funcional e estética contemporânea. A intervenção teve como ponto de partida o frágil estado de conservação do edifício, marcado pela degradação das estruturas de madeira e pela obsolescência das infraestruturas técnicas.

A resposta arquitetónica, liderada por Paulo Serôdio Lopes, incorporou dois novos elevadores, galerias exteriores e um corpo de escadas que racionalizam as circulações entre áreas de hóspedes e de serviço. Estas adições permitiram eliminar escadas e corredores interiores, otimizando o uso do espaço e cumprindo requisitos de segurança.

Mas é na linguagem visual que a renovação se torna mais expressiva. As fachadas foram redesenhadas com a introdução de vãos modernos, painéis metálicos perfurados com padrões geométricos e uma nova composição volumétrica que respeita os alinhamentos com os edifícios vizinhos, sem replicar o que já existe.

“Pretendemos explorar a tensão entre temporalidades, entre o novo e o antigo”, sublinha o arquiteto. “É uma reflexão crítica sobre como entrelaçar a contemporaneidade na arquitetura da cidade antiga.”
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