Moinho das Feteiras e Casa do Contador, em Ponta Delgada, foram renovados e são agora espaços de turismo.
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Mudar de rumo pela paixão ao turismo: moinho e escola ganham segunda vida nos Açores
Moinho das Feteiras Moinho das Feteiras

Aurélio Martins tem 35 anos e nasceu em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, e Sofia Rolo tem 32 anos e nasceu em Lisboa. O casal vivia na capital, mas “a paixão pela hotelaria e o querer marcar a diferença no setor” do turismo levou a que Aurélio e Sofia fizessem as malas e se mudassem em definitivo para a ilha. Isto em agosto do ano passado. Gerem dois projetos de Alojamento Local (AL) muito peculiares, o Moinho das Feteiras, que foi adaptado e modernizado para receber hóspedes, e a Casa do Contador, que foi no passado uma escola primária. Visitar os Açores em tempos de pandemia de Covid-19 é e será seguro, afirmam.

Mudar de rumo pela paixão ao turismo: moinho e escola ganham segunda vida nos Açores
Sofia Rolo e Aurélio Martins Sofia Rolo e Aurélio Martins

“São dois imóveis com grande interesse arquitetónico que desempenharam diferentes funções desde o século XIX e que agora são espaços de turismo. Há imenso potencial ainda em São Miguel e nos Açores em geral. Só agora se começaram a dar os primeiros passos na recuperação de património por privados e ainda existem muitos imóveis históricos por recuperar”, diz ao idealista/news Aurélio Martins, que era diretor de marketing numa multinacional retalhista antes de abraçar a aventura do empreendedorismo e de gerir os dois espaços. Já Sofia Rolo era gestora de marketing numa multinacional de telecomunicações.

"Há imenso potencial ainda em São Miguel e nos Açores em geral. Só agora se começaram a dar os primeiros passos na recuperação de património por privados e ainda existem muitos imóveis históricos por recuperar"
Aurélio Martins

Faz em agosto um ano que se deu a mudança para os Açores, para o casal poder “gerir de perto os alojamentos”. Uma altura, de resto, que “coincidiu com a abertura da Casa do Contador”, conta Aurélio, salientando que o Moinho das Feteiras nasceu em 2014 e já pertencia à sua família, tendo a casa onde se instalou a Casa do Contador sido comprada em 2016.  

Investimento constante

“Ambos os projetos tiveram três fontes de financiamento: capitais próprios que estavam poupados, financiamento bancário e subsídio do balcão 2020 para Jovens Empreendedores”, revela o ex-diretor de marketing, adiantando que vai continuar a investir nos dois projetos. 

“A Casa do Contador começou por ser a casa de uma família micaelense com algum dinheiro no final do século XVIII, princípio do sécúlo XIX e passou a escola primária no final do século XX. Foi adaptada a empreendimento turístico, tendo sempre esse passado em conta e tentando manter o máximo possível de arquitetura original existente. A obra foi bastante complexa exatamente porque obrigou a trabalhar, no local, vários artesãos para recuperar as madeiras nobres. A Casa do Contador continua a crescer e terá um espaço exterior com jardim e piscina aquecida e mais três unidades de alojamento. O investimento para esta nova fase rondará os 300.000 euros. Ficará ao todo com oito unidades de alojamento”, adianta.

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Casa do Contador

Já o Moinho das Feteiras é um imóvel “muito especial, pelo seu enquadramento no meio da natureza” e por ser, desde logo, um antigo moinho, ou seja, tem uma “arquitetura que atrai muitos clientes”. “Ao todo, o projeto de adaptação das três unidades custou 300.000 euros”, conta.

E de que nacionalidades são, por norma, os hóspedes da Casa do Contador e do Moinho das Feteiras? Será que num contexto pós-pandemia Covid-19 o cenário vai mudar? “Na Casa do Contador, a tendência é semelhante à do mercado regional, com 50% de hóspedes portugueses e os restantes 50% estrangeiros. No Moinho das Feteiras é bastante diferente, já que há apenas 20% de portugueses. As reservas mostram que os portugueses vão ter um maior peso nos próximos tempos, o que era expetável tendo em conta as circunstâncias. Ainda assim, os estrangeiros começaram a aparecer mal terminou a quarentena obrigatória à chegada à região”, afirma Aurélio Martins.

Reina a segurança nos Açores

Este é um negócio que tende a perder “fôlego” em tempos de pandemia, mas o casal mostra-se resiliente e otimista, apesar de consciente das dificuldades que se avizinham. Aurélio avisa que ambos os projetos estão certificados com o selo "Clean & Safe", atribuído pelo Turismo de Portugal, e que podem ser usados por hóspedes que estejam, por exemplo, em teletrabalho: “A aposta no selo era quase óbvia por uma questão de segurança de todos os que nos visitam e que colaboram connosco. Mais pensada foi a aposta em criar condições para quem vem em teletrabalho, para poder ter, nesta nova era, um local confortável e seguro para se ligar remotamente”.

Quando questionado sobre se devido à pandemia haverá cada vez mais portugueses a eleger os Açores como destino de férias, responde de forma perentória. “Acredito que, pelo grande trabalho feito nos Açores para controlar a pandemia, e por termos sido das primeiras regiões a ter zero casos ativos, muitas pessoas se sentirão seguras em vir visitar-nos. Ainda assim, não estimo números de visitas superiores aos que tivemos em 2019 antes de 2022”, conclui.

O Moinho das Feteiras à lupa

Está localizado na zona Sul da ilha de São Miguel, sendo composto por um moinho de vento e duas casas independentes, a Mó de Cima e a Casa do Moleiro, assentes em 4.000 metros quadrados (m2) de terreno ajardinado, percorrido por uma grota que desce do vulcão das Sete Cidades para o mar. 

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Moinho das Feteiras

O moinho, uma obra arquitetónica do século XIX, foi adaptado e modernizado num alojamento para duas pessoas. Está  estrategicamente posicionado num socalco junto ao mar e oferece uma vista deslumbrante 360º. Já a Mó de Cima, que foi reconstruída nos antigos celeiros e tem uma vista deslumbrante para o moinho e para o oceano Atlântico, e a antiga Casa do Moleiro, que foi totalmente feita em pedra, têm capacidade para receber até quatro pessoas.

A Casa do Contador à lupa

Está inserida num edifício de traça antiga do século XIX, outrora uma escola primária, e situa-se no centro histórico de Ponta Delgada. Trata-se de um turismo de habitação com cinco unidades de alojamento, reaproveitadas a partir das salas de aula originais e transformadas em estúdios e suites. Foi inaugurada em setembro de 2019 e terá em breve mais três unidades de alojamento. A expansão vai também trazer uma nova agenda com jantares temáticos, aulas de yoga e uma nova piscina exterior aquecida, entre outras atividades.

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Casa do Contador

Encontra-se a uma curta distância pedonal das principais atracões turísticas de Ponta Delgada, como a Igreja Matriz, o Mercado da Graça e o quarteirão dos Museus. Apresenta-se como um turismo com história que se modernizou, mas com a garantia de recuperar património local. Nesse sentido, o projeto foi concebido e decorado com estruturas originais da antiga escola primária, os tons, materiais e magia caraterísticos dos Açores e a utilização de equipamentos de qualidade para o máximo conforto.

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