Presidente do grupo Vila Galé conta em entrevista como a construção de hotéis temáticos é uma aposta ganha em Portugal e lá fora.
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Hotéis Vila Galé em Portugal
Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé Vila Galé

Hoje, quando as famílias vão de férias, procuram mais do que um espaço para dormir, procuram conforto, experiências e cultura. E esta tendência já foi identificada pelo setor hoteleiro, que tem vindo a adaptar a sua oferta. “Os últimos hotéis que construímos [em Portugal] são muito diferentes dos tradicionais, porque acreditamos que o futuro do turismo passa por criar espaços inovadores e diferentes”, revela Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé, em entrevista ao idealista/news. Talvez por isso é que os seus hotéis temáticos, focados em pintura, música ou gastronomia, têm sido uma aposta ganha. E será em torno de temáticas que os novos hotéis do grupo em Portugal e lá fora estão a ser construídos.

Os 30 anos de história do grupo Vila Galé ensinaram que a principal estratégia para crescer passa por “fazer diferente, colocando o foco na cultura, na história, na gastronomia, nas vistas fantásticas que Portugal oferece”, avança Jorge Rebelo de Almeida, em entrevista. Mais do que oferecer quartos, este grupo hoteleiro português está a apostar em hotéis temáticos, como é o caso do Vila Galé Nep Kids, em Beja, que foi pensado para as famílias que procuram alojamentos para ir com crianças. Outro exemplo é o Collection Palácio dos Arcos, em Paço de Arcos (Lisboa), dedicado à temática da poesia. E há outros focados na história, nos vinhos, gastronomia, música, dança, pintura ou cinema.

“Temos muitos hotéis históricos, até porque restaurar um edifício com história dá-me muito prazer”

E esta aposta em hotéis temáticos vai continuar em Portugal e lá fora (Espanha, Brasil e Cuba). Depois de ter investido 47 milhões de euros em hotéis em Portugal em 2023, o grupo Vila Galé está agora a desenvolver três novos hotéis com um investimento de cerca de 50 milhões de euros, um deles na Figueira da Foz. Outro vai nascer em Ponte de Lima com uma influência histórica, já que vai nascer da reconstrução de um castelo com quase 900 anos. O terceiro vai ser construído em Elvas, também da reabilitação de património histórico com ligações militares antigas. “Temos muitos hotéis históricos, até porque restaurar um edifício com história dá-me muito prazer”, confessa Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo Vila Galé, em entrevista ao idealista/news para ler em seguida.

Inovação nos hotéis
Vila Galé Collection S. Miguel Vila Galé

O Grupo Vila Galé já está em Portugal há 30 anos. Como é que se tornaram no segundo maior grupo hoteleiro do país? Qual foi a vossa estratégia de expansão?

Vamos fazendo o que nos dá prazer, o que gostamos. A nossa primeira motivação não é ter lucros muito grandes. Queremos fazer diferente, colocando o foco na cultura, na história, na gastronomia, nas vistas fantásticas que Portugal oferece.

Hoje, temos 42 hotéis dos quais 31 estão em Portugal, onde neste último ano abrimos quatro hotéis. Os últimos hotéis que construímos são muito diferentes dos tradicionais, porque acreditamos que o futuro do turismo passa por criar espaços inovadores e diferentes. Mas os países devem manter a sua autenticidade, sem copiar modelos.

Somos proprietários da maior parte dos nossos hotéis em Portugal, mas também temos concessões de edifícios históricos, nas quais fazemos o investimento e a recuperações dos imóveis.

"Temos hotéis temáticos, em que conjugamos vinhos com gastronomia ou até dedicámos a ópera e à música em geral"

Qual é o perfil de cliente dos hotéis Vila Galé? E de onde vêm as famílias?

A nossa maior aposta são as famílias e crianças. Tanto em Portugal, como no Brasil temos uma diversão forte para as crianças, mais poderosa do que a que existe para os adultos, porque quando os pais veem os filhos felizes, também ficam felizes. E é por isso que nosso compromisso é muito familiar. Temos também alguns hotéis voltados para idosos, com temáticas de pintura, dança e ópera.

Em Portugal, cerca de 40% das famílias que nos visitam são nacionais, mas não são a maioria. Temos muitas famílias que vêm de Espanha, Inglaterra, Alemanha (embora tenha caído um pouco), Brasil, EUA. Sentimos que os norte-americanos estão a descobrir de novo Portugal, porque a procura está a crescer muito. É um mercado bom para o turismo, porque o turista americano tem muita curiosidade, nomeadamente por edifícios históricos e tradições antigas.

Hotéis para crianças
Vila Galé Nep Kids Vila Galé

Têm desenvolvido hotéis temáticos, como é o caso do Vila Galé Nep Kids, em Beja, que foi pensado para as famílias que procuram hotéis para ir com crianças. Fale-nos deste conceito.

Foi um sucesso para as crianças. Os adultos não podem entrar no Vila Galé Nep Kids se não tiverem filhos. Tenho alguns amigos que dizem que têm de pedir uma criança emprestada para poder ir ao hotel, senão não entram (risos). O hotel dispõe de um parque aquático, pista para ensinar as crianças a conduzir, atelier de artes, cinema e uma discoteca para dançar.

Depois, temos outros hotéis temáticos, em que conjugamos vinhos com gastronomia ou até dedicámos a ópera e à música em geral. Por exemplo, o Collection Palácio dos Arcos, em Paço de Arcos (Lisboa), é dedicado à temática da poesia. Além disso, temos hotéis dedicados à dança em Coimbra, à pintura e cinema no Porto e à literatura no Brasil. Temos muitos hotéis históricos também, até porque restaurar um edifício com história dá-me muito prazer.

"Em Portugal, temos mais três hotéis em construção. E além da hotelaria, no grupo temos uma forte aposta agrícola, produzimos vinho, azeite..."

Tencionam abrir mais hotéis em Portugal nos próximos anos? E lá fora?

Em Portugal, temos mais três hotéis em construção. E além da hotelaria, no grupo temos uma forte aposta agrícola, produzimos vinho, azeite... Este ano teremos um vinho novo em abril na região dos vinhos verdes.

Fomos o grupo português que mais investiu no interior do país, sobretudo, mais perto da fronteira, como em Miranda do Douro. E agora vamos abrir o primeiro hotel em Espanha e entrámos em Cuba recentemente, onde pretendemos crescer também.

Fale-nos mais sobre os hotéis que vão inaugurar em Portugal.

Vamos abrir um hotel na Figueira da Foz, uma zona balnear muito procurada pelos turistas espanhóis. É uma cidade no centro de Portugal, com praia e muito bonita. Além deste, estamos a construir um novo hotel na cidade fortificada de Elvas, com 43 quartos, que é uma cidade perto da fronteira com a Extremadura, onde já temos o Vila Galé Collection Elvas. O Vila Galé Casas de Elvas vai nascer da reabilitação de património histórico, com ligações militares, o que tornará o hotel mais atrativo. E a outra cidade onde já começámos a construção de outro hotel é Ponte de Lima, numa grande quinta [com um castelo datado de 1126] onde vamos ter um projeto de enoturismo e produção de vinhos verdes.

Hotéis a abrir em Portugal
Vila Galé Collection Tomar Vila Galé

Como está o projeto de abertura do vosso primeiro hotel em Espanha?

É o primeiro hotel em Espanha - digo o primeiro porque acreditamos que vão surgir mais oportunidades no país. Abrimos em Isla Canela [na cidade de Ayamonte, perto do Algarve], e trata-se de um hotel com 20 anos que está a passar por uma transformação muito profunda, no seu interior e áreas públicas. Quando abrirmos [em abril de 2024], o hotel estará totalmente remodelado com uma decoração mais temática, tendo por base a arquitetura árabe do hotel. E fui eu que tratei da decoração por ser uma área que gosto muito. Também sou arquiteto clandestino (risos).

Por que demorou tanto para entrar na Espanha, uma vez que é um país vizinho?

Não foi por falta de tentativa. A primeira cidade que quis estar foi Sevilha, é uma cidade com muita vida, que gosto muito: o flamenco, as feiras, o Rocío, que são festas muito divertidas. E por isso foi a primeira tentativa, mas não acertámos. E agora voltámos a fazê-lo noutra cidade. Espanha é um destino muito importante para nós, até porque é uma forma de atrair mais turismo para Espanha e, também, mais turismo espanhol para Portugal.

"Há muitos hoteleiros muito preocupados com o Airbnb. Nós não estamos preocupados, porque os nossos hotéis não são só para dormir (...), são hotéis com experiências, com cultura".

Além de Cuba, há mais alguma inauguração prevista noutro país?

Sim, no Brasil, onde temos uma presença forte. Temos hotéis grandes, até resorts de luxo, com um total de 10.000 camas. Estamos agora a construir mais duas unidades. No Brasil houve uma pausa no final do ano na construção de um hotel, que vai agora andar para a frente [o Vila Galé Collection Sunset Cumbuco, em Ceará]. E o outro trata-se do nosso primeiro hotel em Minas Gerais, um estado do interior, que será um grande resort de campo como temos no Alentejo: o Vila Galé Collection Ouro Preto – Historic Family Resort hotel, Conference & Spa.

Quais são as suas previsões para 2024?

Se houver consenso nas políticas mundiais, acho que vai ser um ano muito bom, assim como foi o ano que terminou agora, com uma taxa de ocupação média de 60% em Portugal e 55% no Brasil. Os problemas que vejo no horizonte são relacionados com as guerras, e com risco de se prolongarem e, se acontecer, não será um ano muito bom.

Como pretendem continuar a crescer num mercado com forte concorrência?

Acho que o principal é ser diferente. Há muitos hoteleiros muito preocupados com o Airbnb. Nós não estamos preocupados, porque os nossos hotéis não são só para dormir, como o Airbnb. São hotéis com experiências, com cultura, diria. E a ligação com o meio ambiente também é muito importante: a criança que hoje tem cinco anos quando for adulta não vai entrar num hotel que não tenha respeito pelo meio ambiente.

Hotéis no Alentejo
Collection Monte do Vilar, Alentejo Vila Galé

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