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Crédito à habitação: pagar a casa é 20% mais barato que há quatro anos
GTRES

O valor da prestação da casa caiu cerca de 20% nos últimos quatro anos. Neste período, os valores médios mensais das taxas Euribor a três e seis meses caíram de 1,485% e 1,706% para -0,086% e -0,014%, respetivamente. A diminuição reflete as medidas de política monetária tomadas por Mario Draghi desde que assumiu a liderança do Banco Central Europeu (BCE), em novembro de 2011.

Quatro anos depois da entrada em cena de Draghi, a Euribor a seis meses, o indexante mais utilizado em Portugal para efeitos de crédito à habitação, atingiu pela primeira vez valores negativos. Os proprietários de casas que se encontrarem nestas condições e fizeram a revisão do contrato em dezembro verá pela primeira vez o valor do indexante em valores negativos – a média deste mês é de -0,014%. O Banco de Portugal adiantou que se a Euribor atingir valores negativos isso deverá ser abatido ao spread contratado, ou seja, quem tiver um spread de 1% irá pagar uma taxa de 0,986% no próximo mês.

Segundo conta do Diário Económico, perante um cenário de um empréstimo a 100.000 euros a 30 anos com um spread de 1% indexado à Euribor a seis meses, o valor da prestação será de 321 euros para quem faça a revisão no próximo mês. Há quatro anos, a mensalidade a pagar ao banco pelo financiamento era de 405,91 euros, pelo que a prestação desceu 20,92%.

No caso de um crédito a três meses, e tendo por base o mesmo cenário, o valor da prestação fica em 317,17 euros, menos 19,44% que os 394,34 euros verificados há quatro anos.

Desde que substituiu Jean-Claude Trichet à frente do BCE, Mario Draghi fez vários cortes na taxa de referência, que está num mínimo histórico de 0,05%. Fez também sucessivos cortes na taxa de depósito, trazendo-a para valores negativos (-0,20%), para desincentivar os bancos a aparcarem a sua liquidez junto do banco central numa tentativa de reanimar o empréstimos interbancários.

Método de cálculo da Euribor muda em 2016

Entretanto, e de acordo com a publicação, o método de cálculo da Euribor vai mudar a 4 de julho do próximo ano. Os valores do indexante passarão a ser calculados com base nas transações reais efetuadas entre os bancos que fazem parte do painel da Euribor, em vez de terem como base as estimativas dos bancos para os custos do financiamento interbancário. O objetivo é que, após os casos de manipulação desta taxa, a Euribor seja mais transparente, com as autoridades europeias a criarem diretrizes mais apertadas para o seu cálculo.

A entidade responsável pela determinação e divulgação dos valores da Euribor, o Instituto Europeu de Mercados Monetários (EMMI), admite que a nova metodologia trará uma maior volatilidade da Euribor e que deverá ter um impacto de até nove pontos base no valor da taxa, segundo simulações feitas em 2012 e 2013 em cooperação com o BCE. No entanto, o secretário-geral da EMMI, Guido Ravoet, considera que esse impacto poderá ser menor e que o efeito nas prestações dos créditos à habitação será limitado.

“Iremos fazer novas simulações no segundo trimestre de 2016 e penso que temos agora um ambiente mais estável e que o impacto poderá ser inferior a nove pontos base”, revelou ao Diário Económico, frisando que “o impacto no crédito à habitação pode ser resolvido”. “[As simulações] mostraram uma maior volatilidade nos valores da Euribor, para os créditos à habitação o valor é calculado com a média mensal [o que permite diluir os efeitos da volatilidade], contou.

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