Os mercados financeiros esperam que as Euribor se mantenham negativas por mais seis anos, fruto da política de estímulos do Banco Central Europeu (BCE).
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Taxas de juro negativas nos empréstimos da casa até 2026
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Estas são boas notícias para quem pediu ou está a pensar pedir dinheiro emprestado ao banco para comprar casa. As taxas Euribor, principal indexante dos contratos à habitação em Portugal, mantêm-se em terreno negativo desde 2015, em resultado da política de estímulos do Banco Central Europeu (BCE) e, apesar dos sucessivos avanços e recuos no que toca às expectativas de mercado, este cenário deverá manter-se até 2026 - essa é, pelo menos, a previsão dos especialistas. 

“O anúncio das políticas de estímulos financeiros por parte do BCE levaram a uma quebra nos valores da Euribor atingindo mesmo mínimos históricos, reforçando a expectativa do indicador se manter em valores negativos nos próximos anos, tal como aconteceu nos últimos quatro”, refere Miguel Cabrita, responsável do idealista/creditohabitação em Portugal. "Os créditos à habitação com taxa variável beneficiam com esta situação, uma vez que estão suscetíveis a variações do referido indíce”, acrescenta.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário. E as taxas três, a seis e a 12 meses entraram em terreno negativo em 2015, em 21 de abril, 06 de novembro e 05 de fevereiro, respetivamente.

A taxa da Euribor a três meses, a título de exemplo, tem mantido uma tendência de queda nas últimas semanas, registando inclusive mínimos históricos, ficando próxima de -0,5%. O indexante negociou, no final da semana passada, pela primeira vez, em -0,491%, de acordo com a Bloomberg. Esta quinta-feira, dia 27 de agosto de 2020, recuou 0,001 pontos face ao dia anterior para -0,477%, contra -0,161% em 23 de abril, um máximo desde pelo menos janeiro de 2015, e o atual mínimo de sempre, de -0,489%, registado em 12 de março.

Filipe Garcia, economista da IMF, citado pelo Negócios, confirma a tendência e garante que “não há qualquer tipo de expectativa de taxas positivas nos próximos anos”. “A título de referência, a curva de futuros da Euribor a três meses, que cota até 2026, mostra taxas negativas e os ‘Interest Rate Swaps’ vs. Euribor a três meses estão negativos até à maturidade de 17 anos”, acrescenta o responsável.

A expectativa dos mercados é que a política ultraexpansionista por parte do BCE de suporte ao endividamento dos Estados, das empresas e das famílias face à pandemia, se mantenha, algo que continuará a ser determinante para a evolução das Euribor.

Esta tendência reflete-se inevitavelmente no valor das prestações pagas pelas famílias portuguesas, resultando numa redução que em determinadas situações tem levado os bancos a pagar às famílias pelos juros negativos, porque os valores da Euribor anulam e até ultrapassam a margem de lucro bancária.

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