Baixas taxas de juros e guerra de spreads explicam aumento de 7,14% face 2019, que também já era um valor recorde desde 2008.
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Bancos deram 11,4 mil milhões de euros para comprar casa em 2020 - máximo de 12 anos
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Em pleno ano de pandemia - quando o Governo e as entidades financeiras a operar em Portugal tiveram de implementar um regime de moratórias de crédito para responder às dificuldades das famílias e empresas, geradas pela crise que estalou no mundo e no país -, o financiamento para a compra de casas atingiu em 2020 um valor recorde no mercado nacional. Os bancos concederam um total próximo de 11,4 mil milhões de euros de crédito à habitação, atingindo níveis que já não se registavam há mais de uma década.

Dados do Banco de Portugal (BdP), revelados esta quinta-feira (dia 04 de janeiro de 2021), permitem concluir que este montante anual corresponde uma subida de 7,14% face aos 10,630 mil milhões de euros emprestados em 2019 para este fim, valor que significava também já a um máximo desde 2008 mercado nacional.

Na reta final de 2020, só em dezembro os bancos deram 1,203 mil milhões de euros em empréstimos para a compra de casa, valor mensal mais elevado desde julho de 2008.

O aumento na concessão de crédito à habitação é acompanhado - e fomentado - por uma nova redução do custo destes financiamentos, que resulta da atual política de juros baixos do Banco Central Europeu e que tem repercussões ao nível das taxas Euribor, atualmente em mínimos históricos e com valores bem abaixo de zero.

Em dezembro, a taxa de juro média das novas operações tocou um novo mínimo (0,8%), o que aconteceu pelo quinto mês consecutivo, em que se foram renovando sempre novos mínimos históricos. Face ao mês de novembro, quando a taxa era de 0,84%, em dezembro de 2020 registou-se uma quebra de quatro pontos base. Em comparação com o mesmo mês em 2019, altura em que essa taxa se fixava nos 1,1%, há uma queda de 30 pontos base.

Crise leva a quebra no crédito ao consumo e subida nos financiamentos a empresas

Já no conjunto do crédito às famílias, o volume total (17,937 mil milhões de euros) caiu ligeiramente em 2020 (menos 1,53% face aos 8,216 mil milhões de euros de 2019) sobretudo impactado por uma quebra no financiamento ao consumo. Este tipo de empréstimos somaram 4,330 mil milhões de euros no ano passado, ou seja, menos 17,45% comparativamente aos 5,245 mil milhões de euros de 2019. No mês de natal com pandemia financiaram-se 359 milhões.

Também no crédito ao consumo é notória uma queda dos juros. Neste caso, a taxa de juro média das novas operações fixou-se em 6,09% em dezembro, abaixo dos 6,24% que tinham sido registados em novembro. 

Nos empréstimos a particulares para outros fins, os 189 milhões de euros concedidos em dezembro fazem subir para 2,218 mil milhões de euros o total do ano. Este valor corresponde, também, a uma descida de 5,21% face aos 2,340 mil milhões de euros financiados pela banca em 2019. Neste segmento, a taxa de juro caiu de 3,24% em novembro para 2,97% em dezembro.

Por sua vez, e fruto da crise atual, o crédito às empresas subiu para máximos de 2015. No conjunto de 2020, as novas operações de crédito às empresas somaram 33,563 mil milhões de euros - uma subida de 2,3% face a 2019. Em dezembro, os bancos concederam mais 2,586 mil milhões de euros em crédito às sociedades não financeiras. 

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