Mais de 20% das moratórias dos empréstimos da casa acabam em março. Quem adiou as prestações em moratória privada terá de voltar aos pagamentos a 1 de abril.
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Moratórias privadas do crédito da casa terminam este mês e somam 3,7 mil milhões
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Em janeiro, o valor do crédito em moratória ascendia a 45,7 mil milhões de euros: cerca de 24 mil milhões dizem respeito ao valor das moratórias concedidas a sociedades não financeiras e outros 20 mil milhões correspondem a moratórias dadas a particulares. Dentro das moratórias particulares, 17,1 mil milhões (86%) correspondiam a empréstimos para habitação, dos quais 3,7 mil milhões estavam sob o regime de moratória privada, criada pela Associação Portuguesa de Bancos (APB) para dar resposta à crise da Covid-19, e que irá terminar no final do mês de março, ao contrário do regime público (do Estado), que acaba em setembro. Na prática, mais de 20% terá de voltar a pagar as prestações da casa a partir de 1 abril.

Em causa estão as estatísticas do Banco de Portugal (BdP) sobre moratórias de crédito, que passam a ser divulgadas no último dia útil de cada mês e reunem dados das moratórias pública e privada. De acordo com o supervisor, no final de janeiro tinham empréstimos em moratória 54 mil sociedades não financeiras (22,4% do total de empresas devedoras) e 408 mil particulares (8,8% do total de devedores). As empresas de alojamento e restauração eram as que mais se destacavam, com 57% do montante dos seus empréstimos abrangidos por esta medida.

Nos setores “mais vulneráveis” (definidos no Decreto-Lei 22-C/2021 de 22 de março de 2021), segundo o BdP, 8,4 mil milhões de euros estavam em suspensão de pagamento, o que representava 34,4% do total de empréstimos das sociedades não financeiras em moratória.

Mais de 500 famílias aderiram às moratórias no arranque do ano

O número de famílias que aderiu às moratórias no crédito à habitação aumentou no arranque do ano. Segundo o BdP, no final de janeiro deste ano existiam 302.900 famílias com o pagamento da prestação da casa ao banco suspenso – mais 500 do que o registado em dezembro de 2020.

O aumento do número de adesões coincide com a aprovação das alterações ao regime da moratória pública, em dezembro passado, e que permitem a adesão ao regime até ao final de março de 2021 (terminando, depois, no final de setembro).

Setembro foi o pico do valor do crédito em moratória

O maior aumento na adesão às moratórias foi registado em abril de 2020, o mês seguinte à introdução desta medida, tendo o montante máximo de crédito em moratória (48,1 mil milhões de euros) sido atingido em setembro de 2020. Desde então, manteve-se uma tendência decrescente, “para a qual contribui o término de algumas moratórias privadas”, de acordo com o supersivor.

O montante total de crédito com pagamento suspenso recuou para 46,9 mil milhões de euros em outubro de 2020, 46,6 mil milhões em novembro, 46,1 mil milhões em dezembro e 45,7 mil milhões no final de janeiro deste ano.

“Esta redução foi transversal à generalidade dos setores e finalidades, com exceção dos empréstimos concedidos a particulares para habitação e dos empréstimos às sociedades não financeiras do setor do alojamento e restauração, em que se registaram aumentos no recurso às moratórias de 71 e 38 milhões de euros, respetivamente”, lê-se na análise do BdP.

Durante o mês de janeiro registou-se um aumento de 500 milhões de euros de novos empréstimos em moratória, enquanto 900 milhões de euros deixaram de estar abrangidos por este regime.

O BdP divulga, no BPstat, informação mensal sobre os empréstimos abrangidos por moratórias (pública e privadas) com detalhe para os principais setores que beneficiaram desta medida - particulares e sociedades não financeiras. Para os particulares são detalhados os empréstimos à habitação. Para as sociedades não financeiras são discriminados alguns setores de atividade económica e também os empréstimos concedidos às pequenas e médias empresas (detalhe que inclui as micro empresas). A próxima atualização será divulgada em 31 de março.

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