João Nuno Mendes considera que o peso dos empréstimos para a compra de casa na economia recuou de 64% para menos de 40%.
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Crédito habitação em Portugal
João Nuno Mendes, secretário de Estado do Tesouro Imagem retirada do site portugal.gov.pt

O crédito habitação em Portugal “não está no seu pico”, tendo este sido atingido em março de 2011. A garantia foi dada pelo secretário de Estado do Tesouro, João Nuno Mendes, que considera que o peso dos empréstimos para a compra de casa na economia recuou, tendo diminuído de 64% para menos de 40%. 

Segundo o governante, que participou na conferência “Como responder à subida dos juros do crédito habitação”, organizada pelo ECO, o pico do crédito habitação em Portugal “aconteceu em março de 2011, com cerca de 115 mil milhões [de euros]”. “Hoje temos sensivelmente 100 mil milhões”, salientou, reconhecendo que há “determinadas zonas que poderão ser mais vulneráveis”. 

Citado pela publicação, João Nuno Mendes disse que há em Portugal cerca de dois milhões de “devedores” com empréstimos à habitação. O responsável adiantou, ainda, que o país tem um “setor bancário resiliente” e uma “economia capaz de fazer face ao crédito que contratou”.

BCE volta a subir juros e… prestação da casa vai aumentar

De recordar que o Banco Central Europeu (BCE) voltou a subir, esta quinta-feira (27 de outubro de 2022), as taxas de juro diretoras em 75 pontos base, colocando a taxa de refinanciamento nos 2%, a mais alta da última década. Foi o terceiro aumento em apenas quatro meses, sendo esta uma forma de combater a escalada da taxa de inflação, que atingiu em outubro, em Portugal, 10,2% – é a mais alta desde 2012. 

A subida da taxa de juro diretora vai ter impacto direto nas taxas Euribor, que vão também continuar a aumentar, levando, por sua vez, a um aumento da prestação a pagar ao banco pelo crédito habitação. 

E a verdade é que este é um cenário que se tende a manter nos próximos meses, visto que o aumento das taxas de juro diretoras por parte do BCE visa combater precisamente o crescimento da inflação

Prestação da casa a subir à boleia das taxas Euribor
Photo by Usman Yousaf on Unsplash

Como é que a subida de juros pelo BCE tem impacto no crédito habitação?

Quem quiser comprar casa com recurso a financiamento bancário vai deparar-se com um mercado mais caro, tanto para as taxas variáveis e indexadas à Euribor, como para as taxas fixas. E quem já está a pagar um empréstimo habitação de taxa variável – cerca de 90% dos contratos em Portugal têm juros deste tipo – também verá as prestações da casa subir dezenas ou até centenas de euros assim que a Euribor for atualizada a 3, 6, ou 12 meses.

As taxas de juro variáveis do crédito habitação estão a ficar mais caras à medida que as taxas Euribor são impactadas pelas decisões de política monetária do BCE. Neste momento, as taxas Euribor já chegaram máximos de dez anos para todos os prazos, com as médias de setembro a atingir os:

  • Euribor a 12 meses (a mais utilizada no conjunto dos novos contratos de crédito habitação em Portugal): atingiu os 2,233% em setembro, quase o dobro da fixada em agosto (1,249%). A taxa média de setembro é o maior valor alcançado desde janeiro de 2009, quando se fixou em 2,622%;
  • Euribor a 6 meses (mais utilizada em Portugal no total de créditos habitação): chegou aos 1,596% em setembro, também quase o dobro da registada no mês anterior (0,837%). É preciso recuar a dezembro de 2011 para alcançar uma taxa tão alta para este prazo (1,671%);
  • Euribor a 3 meses (a menos utilizada nos novos contratos, mas que ainda representa 30% da totalidade de contratos assinados até dezembro de 2021, segundo o Banco de Portugal): fixou-se em 1,011% em setembro, quase o triplo da registada em agosto (0,395%). Esta é a Euribor a 3 meses mais elevada desde janeiro de 2012, quando chegou aos 1,222%. “A inflação permanece demasiado elevada e continuará a ser superior ao objetivo do BCE durante um período prolongado", indica em comunicado o regulador europeu liderado por Christine Lagarde.
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