
As taxas de juro nos créditos habitação em Portugal estão a subir a todo o vapor há mais de um ano. Mas os juros nos depósitos a prazo não têm acompanhado a mesma evolução, apesar de haver pressões nesse sentido, nomeadamente do Banco Central Europeu (BCE) por via da subida dos juros diretores. Em resultado, a diferença entre os juros dos novos créditos habitação e a remuneração dos depósitos a prazo nunca foi tão elevada no nosso país.
Assim que o ciclo inflacionista começou a apertar na Europa, o BCE começou a anunciar a primeira subida das taxas de juro diretoras da última década. E logo as taxas Euribor começaram a reagir. Foi assim que os juros nos créditos habitação começaram logo a dar sinais de subida em fevereiro de 2022, mês em que eclodiu a guerra na Ucrânia, e nunca mais pararam de crescer, até terem chegado aos 3,97%, em média, em abril de 2023, apontam os dados do Banco de Portugal (BdP).
Já as taxas de juros nos depósitos a prazo dos particulares demoraram a reagir ao aumento dos juros diretores pelo BCE, que se iniciou em julho de 2022, permanecendo em mínimos históricos até setembro do ano passado. Só em outubro se vislumbrou o primeiro aumento para 0,24% e, desde então, os juros nos depósitos a prazo no nosso país têm vindo a subir timidamente, tendo chegado 1,03% em abril deste ano – o maior valor desde fevereiro de 2015 (1,11%).
Como os juros nos créditos habitação têm subido a um ritmo muito superior aos juros nos depósitos a prazo, a diferença entre os dois tem aumentando mês após mês. E, agora, verifica-se que a diferença entre os juros dos empréstimos habitação e as remunerações nos depósitos é a maior de sempre – de 2,94 pontos percentuais (p.p) em abril. Aliás, desde setembro que esta diferença é superior a 2 pontos percentuais.
Este cenário tem consequências. No lado do crédito habitação, as famílias estão a pagar prestações da casa bem mais caras do que tivessem contratado o empréstimo meses antes. E no lado dos depósitos a prazo, tem-se verificado uma redução do seu montante e uma corrida aos certificados de aforro, de tal forma que o Governo resolveu suspender a comercialização de uma linha de certificados de aforro e iniciar outra.
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